O Encontro
Precisamos parar pra pensar – e isto é que é o problema: pensar. Quando, por exemplo, nos defrontamos com a imagem do encontro do Mar Báltico com o do Norte (como poderia ser das águas do Rio Amazonas com as do oceano Atlântico). Estabelecendo-se uma linha sinuosa de espuma entre os dois. Que perdemos de vista, se a vista é de cima. Se fosse ao nível do mar ou de um barco ou navio, ela não teria expressividade. Nem perceberíamos a diferença de coloração entre os dois mares. No caso do Rio Amazonas com o Oceano Atlântico seria nítida a diferença.
Mas no caso presente, o que será que um mar diz pro outro nesse encontro? Será que perguntarão um pro outro quantos anos têm de vida? Ou se a vida é uma vaga, vagando indefinidamente pelo tempo? Será que estão se abraçando com braços que nunca terminam? Dizendo-se coisas maravilhosas que já haviam esquecido? Será que são nossos pais, sem diferença de gênero, e nem sabemos?
O que importa é que esse encontro comemora uma união. Ainda que a espuma sinuosa estabeleça uma possível diferença entre as duas entidades, como a coloração vista de cima, as mesmas características a elas pertinentes permanecerão essenciais. Ensinamento que essas duas entidades não conseguiram transmitir a nós, possivelmente seus filhos, que sempre nos quedamos desbundados ante a sua imorredoura presença e eterna grandiosidade.
Pode ser que esteja aí a expressão divina que a gente tanto procura.
Rio, 12/04/2013