Eu amo um ex-morador de rua
Não mais que uns cinco metros da porta do meu escritório, estava ele lá, todo molhado e enrolado
entre roupas velhas e sujas.
Sua parceira, talvez depois de umas doses a mais de cachaça, também dividia com ele o calor dos corpos. Era uma manha fria, e chuvosa em São Paulo.
Não dei muita atenção, afinal encontrar moradores de rua pelas calçadas já é quase rotineiro nessa cidade tão amada. Era só mais um monte de roupas velhas, odores e vidas ali represadas.
Alguma coisa me perturbou. Fui pra minha sala, mas a cabeça voltava para aquela situação. Enchi meu peito de ar, estufei como um herói, e pensei: Porque não recolher um deles? Afinal é semana do Natal, a gente está entupido de bondades, altruísmo, e sensibilizado por campanhas do agasalho, criança esperança, teleton, fraternidade, etc, etc, etc.
Preciso fazer alguma coisa. E fiz.
Fiz besteira, confesso. Fui ingênuo.
Chego em casa, por volta de 20h e o que encontro?
Está lá espreguiçado no sofá um loiro de olhos azuis, com a cabeça entre as pernas de minha esposa.
E pior, ela acaricia a cabeça dele.
A principio vem aquela secura na boca, um certo calor no rosto, as pernas tremem. A gente sente até umas contrações musculares, num sei se fuga ou medo, como dizem os psicólogos, ou seria ciúmes e ódio como nossos parentes das cavernas. A sensação é incomum e complicada para digerir.
A gente engole seco.
Já se passaram três meses, ele está forte, bonito. Agora banhado, bem alimentado, acarinhado, tomou posse do apartamento inteiro. Cada canto é seu canto.
Dorme com a esposa, e eu até já pensei em joga-lo do 8º andar.
Acontece que entre arranhões, mordidas, e lambidas, ele nos conquistou.
Parece presente de papai Noel. Uniu todos no amor.
O mesmo amor que me fez tira-lo da rua, parece que impregnou-nos a todos.
Hoje MIU é um jovem gato feliz, embora vivemos arranhados e furados pelos dentinhos do sortudo.
E nós tambem.
Não mais que uns cinco metros da porta do meu escritório, estava ele lá, todo molhado e enrolado
entre roupas velhas e sujas.
Sua parceira, talvez depois de umas doses a mais de cachaça, também dividia com ele o calor dos corpos. Era uma manha fria, e chuvosa em São Paulo.
Não dei muita atenção, afinal encontrar moradores de rua pelas calçadas já é quase rotineiro nessa cidade tão amada. Era só mais um monte de roupas velhas, odores e vidas ali represadas.
Alguma coisa me perturbou. Fui pra minha sala, mas a cabeça voltava para aquela situação. Enchi meu peito de ar, estufei como um herói, e pensei: Porque não recolher um deles? Afinal é semana do Natal, a gente está entupido de bondades, altruísmo, e sensibilizado por campanhas do agasalho, criança esperança, teleton, fraternidade, etc, etc, etc.
Preciso fazer alguma coisa. E fiz.
Fiz besteira, confesso. Fui ingênuo.
Chego em casa, por volta de 20h e o que encontro?
Está lá espreguiçado no sofá um loiro de olhos azuis, com a cabeça entre as pernas de minha esposa.
E pior, ela acaricia a cabeça dele.
A principio vem aquela secura na boca, um certo calor no rosto, as pernas tremem. A gente sente até umas contrações musculares, num sei se fuga ou medo, como dizem os psicólogos, ou seria ciúmes e ódio como nossos parentes das cavernas. A sensação é incomum e complicada para digerir.
A gente engole seco.
Já se passaram três meses, ele está forte, bonito. Agora banhado, bem alimentado, acarinhado, tomou posse do apartamento inteiro. Cada canto é seu canto.
Dorme com a esposa, e eu até já pensei em joga-lo do 8º andar.
Acontece que entre arranhões, mordidas, e lambidas, ele nos conquistou.
Parece presente de papai Noel. Uniu todos no amor.
O mesmo amor que me fez tira-lo da rua, parece que impregnou-nos a todos.
Hoje MIU é um jovem gato feliz, embora vivemos arranhados e furados pelos dentinhos do sortudo.
E nós tambem.