Jeito Peculiar
Eu ia para casa de metrô, numa segunda-feira, 31 de outubro de 2011, aproximadamente 20:43. A noite estava fresca e a chuva caia timidamente. As pessoas estavam, cada uma, imersas em seus próprios mundos, pensamentos, sofrimentos, lembranças, enfim, cada uma preocupada consigo. No vagão que me encontrava estava quase vazio em comparação com o mesmo horário dos dias anteriores.Todavia um casal chamou-me a atenção. Ele: negro, alto, forte e muito bonito. Ela: franzina, branca, olhos sôfregos e não muito bonita. Ele a abraçava de encontro ao peito com uma cara de desespero, como querendo prendê-la para sempre. O rosto dele tinha a expressão: Você é minha e não te largo mais. Estou te amando e te protegendo. Ela, por sua vez, correspondia aos seus abraços e beijos, mas logo se esquivava e seu rosto expressava um socorro mudo. Se afastava e pedia para ele não a apertar muito, que estava um pouco sufocada.É engraçado como cada pessoa tem um jeito único e particular de amar, de gostar e de expressar um sentimento de doação e reciprocidade. E temos o nosso jeito para tudo: gritar, amar, brigar, chorar, cobrar, falar. Somos únicos, todavia flexíveis. Estamos em constante metamorfose e muitas vezes, aquilo que ontem amamos e valorizamos tanto, hoje já não nos faz tão feliz. Os sentimentos também mudam, assim como aprendemos a valorizar coisas e pessoas que outrora podia não significar muito. Assim também como o inverso pode ocorrer.E é a vida... e são as pessoas... e somos nós!
Lara Almeida
São Paulo, 31 de outubro de 2011