UMA PEQUENA CRÔNICA ESPIRITUAL

Ensinaram-me que uma manhã, uma tarde e uma noite,

não significam simplesmente a promessa do dia seguinte.

Ensinaram-me que dívidas são as nossas dúvidas não esclarecidas

e não resolvidas.

Disseram-me que o amor não consaguíneo, pode tornar-se mais forte

do que aquele que nos acostumamos a lidar no dia a dia.

Ensinaram-me que a saudade é eterna na eternidade que carregamos

dentro de nós mesmos e que as nossas súplicas são ouvidas, mesmo

que não nos conformemos ou não aceitemos os destinos que para nós

foram determinados.

Disseram-me que a bondade alivia os corações aflitos, desesperados

ou descrentes e que um gesto pleno de renúncia protagoniza o mais

belo despertar de uma próxima existência.

Ensinam-me que o que nós pensamos que merecemos, está muito

mais além do que na verdade temos o direito de reivindicar e que os

nossos passos, que tanto nos vangloriamos certos, se encontram

apenas descobrindo a primeira de uma infinita série de caminhadas.

Disseram-me que a palavra que nos conforta, deve ser pronunciada

por nós mesmos, e que depois deverá haver uma pequena pausa,

para podermos escutar o nosso próprio silêncio.

Ensinaram-me que eu ainda preciso aprender muito mais do que aprendi

e que as verdades que tanto buscamos, não estão ocultas; nós as escondemos dentro dos nossos próprios medos que tanto nos apavora.

Disseram-me que todas as manhãs, todas as tardes e todas as noites,

serão bem-vindas, se por bondade de Deus, nos for permitido o dia seguinte.

Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 26/04/2013
Reeditado em 13/08/2018
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