PT E PSDB Irmãos gêmeos que se odeiam.

PT E PSDB

Irmãos gêmeos que se odeiam.

Jorge Linhaça

Recebi e li com atenção um discurso de Aécio Neves ( PSDB) criticando 13 pontos de atuação do governo do PT. Acho até justa a crítica em vários pontos aventados pelo senador.

Alguns outros são, obviamente, tentativas de imputar ao Governo Federal a incapacidade que seu partido ( PSDB) tem de gerir os estados onde ainda mantém o poder.

Achei bonito o PSDB repentinamente lembrar-se de FHC, já que até às últimas eleições o mantiveram escondido ou em terceiro ou quarto plano nas campanhas eleitorais.

Aécio pergunta várias vezes em seus discursos qual é o PT que comemorou 10 anos diante do governo... se este ou aquele PT.

E eu, de minha parte pergunto quem foi o Aécio que discursou...

O neto e herdeiro político de Tancredo Neves ou o playboy das festas no RJ?

O Governador que detonou a educação mineira ou o covarde que se curva à vontade de José Serra a cada convenção tucana?

De minha parte Aécio parece-me, dentro do “partido da privataría”, dos males o menor e talvez a única chance de o PSDB de buscar alguma coisa nas próximas eleições. Isso se José Serra permitir, claro.

Quanto ao “partido do mensalão”...por mais que se procure desgastar a imagem de seus presidenciáveis, parece que não haverá nenhuma surpresa na corrida presidencial.

PT e PSDB são aqueles irmãos gêmeos, criados no mesmo útero. (PMDB), mas que tem personalidades diferentes. Um se criou nas ruas, pisando lama, brincando em poça d’água, levando mordida de cachorro. O outro sempre teve horror a essas infantilidades e sempre foi o CDF da turma, o rei das teorias.

Um fala a língua das ruas sem dificuldade, sem maquiagem, pois é a sua língua oficial, já o outro prefere a linguagem culta, muito bonita e enfeitada mas que ninguém entende ( ainda bem para ele pois se entendessem...hummm) e atualmente tenta falar mais fácil, com risinhos cínicos no rosto, ir pra rua com paninhos e frascos de álcool para limpar as mãos a cada contato com o povo.

Cada um tem seu espaço e cada um seus defensores... a quantidade de defensores ou eleitores de cada um é que determina quem fica e quem sai do poder...simples assim.

Ambos quando ficam acuados, apelam para a prática do “joga bosta na Geni”...Um deles prefere jogar bosta o tempo todo já que tem sido repudiado nas urnas.

Aécio falar sobre combate às drogas é tão hilário quanto Lula falar contra a cachaça ou a cerveja. Credibilidade Zero.

Aécio falar sobre inflação no governo do PT chega a ser ridículo, ou será que ele se esqueceu de que o Real, tão logo FHC foi reeleito, sofreu uma desvalorização de quase 300% em poucos dias? Foi quando a maquiagem caiu, o preço do frango subiu... E como subiu... O milagre revelou ser uma farsa... São Fernando Henrique não era mais do que o Mágico de Oz.

Falar em desemprego na indústria no último semestre só pode ser piada. As taxas de desemprego durante as gestões tucanas sempre foram astronômicas, principalmente com as demissões em massa na era das privatizações a preço de banana.

Já o PT, peca por uma política onde se permite investigar escândalos envolvendo o próprio partido e seus aliados, pratica inimaginável nos governos tucanos até aqui.

Por mais que isso gere uma desconfiança com os rumos do partido, por outro lado cria-se a sensação de que as coisas não estão sendo varridas para baixo do tapete.

E, queiram ou não, isso é um grande diferencial.

O PT, peca pelo culto ao personalismo de suas figuras emblemáticas, mas, não peca por relegar ao ostracismo aqueles que mais contribuíram para a construção do partido.

Chega a pecar por não livrar-se de figuras que se demonstraram nocivas ao antigo discurso ideológico de honestidade e incorruptibilidade.

Já o PSDB cai no mesmo pecado, embora o faça por puro medo de que certo eterno candidato divulgue dossiês e mais dossiês sobre seus “aliados” políticos.

As divergências políticas entre os irmãos gêmeos são naturais, a defesa de bandeiras diferentes em um ou outro aspecto também, no entanto nas últimas eleições vimos um PSDB tentando maquiar-se de PT, tentando imprimir um discurso em prol dos pobres, o que não combina com sua prática efetiva nas suas gestões.

Já o quase moribundo Democratas ( ex-PFL, ex-Arena)...Continua abrigando as elites oligárquicas do país e carregando o mesmo ranço de sempre.

Mas voltando aos gêmeos, tirando o corte do cabelo ou a cor da camisa ou estilo de se postar diante das câmeras, o comportamento político é o mesmo, ou seja, a tentativa de manter-se no poder o maior tempo possível.

Cada um deles agrada uma parcela específica da população e foca seu trabalho em áreas diferentes. O blá-blá-blá de quem é o pai das crianças em determinados projetos que deram certo, reivindicados por ambos, ou nos patinhos feios de que ninguém gosta de assumir a paternidade.

Na verdade, ambos os gêmeos, bem como outros partidos, jamais chegarão a poder ser considerados sérios enquanto os caciques forem os mesmos ou do mesma “tropa de elite” das legendas.

O surgimento de novas legendas demonstra bem o descontentamento dos segundo e terceiros pelotões, sempre relegados a um papel secundário nos partidos maiores.

A renovação política ainda há de demorar um pouco, não apenas por conta dos dinossauros entronizados há décadas no poder, mas também porque a população simplesmente não sabe votar, agindo como massa de manobra e torcida de clube de futebol, polarizando disputas. Parece que o medo no novo é maior do que o desencanto com os erros dos velhos.

Se quisermos renovação real temos de “esquecer” velhos candidatos de velhos partidos...Não adianta elegermos um prefeito, governador ou presidente de uma nova mentalidade e engessá-lo com um legislativo cheio de vícios.

Salvador, 26 de abril de 2013