AFETIVIDADE E APRENDIZADO X SAUDADES!
Enquanto caminhávamos pelo campo, curtíamos um suave perfume floral e de mato. O dia era de uma luz azul celestial, fascinante! O vento, embora roçasse de mansinho nos nossos rostos, esvoaçavam os cabelos e dava-nos a sensação de leveza. Kahuã, Victória e Derek andavam a minha frente. Tudo era descoberta e encantamentos! De repente gritaram:
– Vovó! Vovó! Vovó!
Parei e os três correram em minha direção.
– Vovó, agacha!
Abaixei-me e balbuciaram ao meu ouvido:
– Podemos tomar banho de mar?
Ri, pois estávamos próximos a um açude e não ao mar. E, antes mesmo de eu lhes dar uma resposta, já rodopiavam e saltitavam na água.
O ar do campo agia sobre nós como um bálsamo e o desfrutar da companhia de meus netos era a oportunidade de intensificar afetividades e aprendizados. Assim como se tapeavam e puxavam os cabelos uns dos outros, estavam abraçados. Eram espontâneos e não guardavam ressentimentos nem mágoas. As palavras, em suas bocas, saiam puras, livres e naturais, tais quais os seus gestos e sorrisos.
Brincamos por mais de uma hora e, ao cair da tarde, retornamos para casa cantarolando canções infantis e reproduzindo contos de fada.
Essa caminhada permitiu-nos a descoberta do outro e de si, um aprender fazendo e imitando. Kahuã, ora demonstrava potencialidades; ora anseios e inseguranças. Victória, ora expressava-se com clareza; ora atropelava seus pensamentos e ideias. Derek, ora imitava o comportamento e o gesto dos outros; ora parecia planejar suas ações, inovando peripécias e artes.
Ao vê-los tão felizes e alegres, lembrei-me de minha infância e a saudade, que sempre me trouxera um sabor doce e gostoso, mexeu com as minhas emoções, machucando-me profundamente.
É o transcorrer do tempo ofusca fatos passados e nos aproxima da velhice! Todavia, as horas passadas na companhia de meus netos foram intensas de manifestações de carinho e amor.
– Vovó! Vovó! Meu coração está falando: "Eu te Amo! Eu te amo! Eu te amo!"