ZÉS

ZÉS

- Rapaz, você sabe quem morreu ?

- Não! Quem ?

- O Zé !

- Não me diga ! O Dirceu ou o Genoíno ?

- Não, cara ! O nosso xará, o Zé Mané.

- Ah! Morreu do que ?

- Passou mal em casa, chamaram o SAMU, que

demorou pra aparecer, foi transportado quase

sem vida pro hospital! Lá chegando demoraram

tanto pra atender, que ele não resistiu e morreu

no corredor.

-Puxa, que morte mais besta. Logo o Zé, que

passou a vida inteira trabalhando, dando um

duro danado.

-Pois é, né! Que vidinha mais sem graça, viveu

pra trabalhar e criar os filhos, não curtiu nada.

Uma vida inexpressiva.

-Se fosse o Dirceu ou o Genoíno, ainda estariam

vivos, o transporte seria VIP e dariam entrada no

Sírio ou no Incor. Se viessem a falecer, teriam

honras de chefes de estado. No velório estariam

a “ presidenta “ ( desculpem-me leitores ), ex

presidentes, ministros, autoridades. Seria decre-

tado luto oficial no país e nada faltaria a família

dos ilustres personagens.

- Pois é, mas o Zé, sempre teve essa vidinha ba-

nal, vazia, sem grandes feitos, tinha aquele pen-

samento fixo, trabalhar e educar os filhos. Olha

aí no que deu!

- Pois é, né ! Bom, deixa eu ir, que tenho que

trabalhar, senão quem vai pagar as minhas con-

tas? Tchau Zé.

- Tchau Mané.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 25/04/2013
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