VASO COM BOSTA (uma recordação)

VASO COM BOSTA (uma recordação)

O subconsciente aparece por trás da nuvem do sonho, como a mulher nua que sai de dentro do bolo do político, com a diferença que a mulher nua todos espera e o maldito subconsciente aparece do nada; ele vem mascarado de passeio de carro ao som de “Jean Michel Jarre” eu fotografo cenas e pessoas. O engraçado que vejo em cada foto meus irmãos retrocedendo no tempo, como se a ampulheta do tempo tivesse sido invertida. Minha maquina digital passa a ser uma velha Kodak e esta uma velha Olympus com capa de couro marrom e cada disparo o som da musica “Souvenir of China”.

Saudades da prima que partiu ela e da sua namorada “PI”, no sonho elas riem para mim. A “PI” sai se cena e minha prima me conta que esta bem vem me pedir força, o mais engraçado ela usando uma roupa indiana branca linda, queimando incenso me chamando de pequeno mascote. Quantas saudades que me deu.

Fala que às vezes por causa da tradição da minha família de carrega a cruz, nos fomos destruídos, pois não aprendemos o autoperdão.

Afasto para fotografa-la, quero uma recordação da prima amada, um passo em falso e o maldito pesadelo começo. Peço a Deus banguela e lazarento para me despertar, vejo a latrina infecta com bosta de dias com o seu cheiro forte a inalar.

Passa por mim minha mãe com a vela acessa véu na cabeça e fitinha que eu nunca soube o nome de filha de Maria no pescoço; ela ia rezar a maldita santa de manto azul, santa preta que se bobear é a imagem de um orixá jogada no rio e achada por um branco idiota que achou que era imagem da mãe de Jesus que jamais saiu da cruz para ajudar ninguém.

Meu irmão me aponta, me indica.

Não sei por que o chamado pelo progenitor, o maldito.

Os anjos vestidos de negros cantam “The host of Seraphim”.

O maldito tira o cinto e coloca sob a máquina de lavar a roupa. Seu chamado me dá um frio na espinha, sinto-me como estivesse indo para um matadouro, sinto o cheiro infecto da bosta, as mosca são anjos pequenos cantando “The host of Seraphim” em minha cabeça, um passo por vez. As lajotas vermelhas pareciam feitas do meu sangue, sangue que eu dia eu derramei.

Tenho medo, mas tento não demonstrar, o medo do cinto a descer nas costas como a chibata que descia na criança negra que roubou uma manga no pé de sinhá.

Escrevo e choro pela angustia do sonho e do passado misturado em minha alma;

Queria morrer no passado, queria que os anjos moscas me levassem embora, pedia para eles me acordarem, escrevo querendo morrer, a dor da humilhação foi e é tanta.

Colocar a mão na latrina de bosta para desentupi-la, ele exige e não pede com um sorriso no rosto de sádico, peço um saco plástico para vestir no braço, tapa me fere a face, tapa com as costas na mão, perco o foco, graças a Deus no sonho esta lá a minha prima que sorri e me apoia, me ajuda sair do chão, na vida real ele pega o maldito cinto/chibata e no berro ameaça se escorrer uma lágrima o sangue sairia de minhas costas.

Um respiro fundo

A merda gruda no braço.

Braço nu sem saco na mão bosta de meus irmãos e irmãs, talvez de meus pais, um sorriso abaixo do bigode de meu pai, do lado esquerdo um de meus irmãos que me havia indicado começa a perder o sorriso no rosto, engulo o choro, imagino que penetro a minha mão composta de garras, garras de Lucifer, na época tinha a visão católica de Lucifer, entrando no peito de meu progenitor e retirando o coração de seu maldito peito.

Cada segundo que a minha mão passou lá eu odiei Maria de Nazaré, Odiei Jesus na Cruz que me permitiu viver e me colocou na família desse homem que tinha prazer em me humilhar.

Cada segundo que meu braço passou lá, eu prometi crescer e destruir a Cruz, pois as hipocrisias que minha mãe e meu pai tinham eram demais, que bosta, aliás, Poe bosta nisso era aquela de forçar uma criança a por a mão na bosta?

Uma laranja!

Uma maldita laranja estava entupindo a vazão da merda no cano da latrina.

Uns de meus irmãos mais novos tinham jogado uma maldita laranja na latrina.

Levanto com dignidade, os anjos moscas negras me rodeiam.

Minha mãe reza para a maldita Santa achada no rio que não serviu nem para aliviar a minha humilhação.

Álcool no braço na época já sabia que álcool não desinfeta bosta nenhuma a não ser que se coloque fogo, queria tomar um banho de álcool e atear fogo.

O sorriso na cara do maldito tomando cerveja comemorando o sucesso do ato. De onde estava lavando a mão que não foi nem na pia e nem no tanque para não contaminar nada, podia ver o sorriso bigodudo dele, ele estaria feliz, pois me humilhou ou por que economizou dinheiro com soda caustica?

Meus irmãos sumiram.

Minha irmã geralmente salvadora não estava em casa

Os pequenos, não devem lembrar, alias apenas quem levou a tapa lembra quem deu acha que foi carinho.

Enquanto tento tirar a bosta de meu braço e o cheiro solto um “tomara que morra engasgado com a cerveja!”.

Tenho que me confessar, pois cometi um maldito pecado.

O maldito quarto mandamento da igreja católica, santa hipocrisia:

HONRAR PAI E MÃE

Meu pai nunca me honrou, minha mãe nunca me defendeu perante ele.

Então cadê a bosta do mandamento quatro ponto:

HONRAR O FILHO.

Falei para o Maldito padre Chico isso que ele queime no inferno e o Maldito mandou rezar dez pais-nossos por odiar meu progenitor

No sonho de hoje acordo com minha mãe passando álcool no meu braço para tirar a bosta dele enquanto Maria com maquiagem pesada bebia com Jesus e meu Progenitor rindo alto da minha dor.

Minha prima vestida de indiana sorria e pedia força Andrézinho,

André Zanarella 24-04-2013 03h30min.

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 25/04/2013
Reeditado em 25/04/2013
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