Formiga II
Ela nunca soubera definir porque formigas, formigueiros e formigagens lhe incomodavam. Desde pequena observava e desconfiava daquela coletividade, daqueles serezinhos iguais, constantes e unidos.
Sua alma prolixamente extensa, inconstante e iludida não acompanhava o sistema de vida de um formigueiro. E não era somente incompreensão, sua relação era quase que uma leve aversão àquilo.
Parecia-lhe falsa e até mesmo alienante a vida daquela forma. Sempre sentira que além de certos objetivos coletivos, sua alma clamava por uma individualidade única, por um diferencial talvez inalcançável.
Por mais que tentasse não conseguia formiguear por ai, sacrificando seu ser nessa impessoalidade formigal.
Enfim, não nascera para ser formiga, ao contrário disso estava mais para borboleta. Metamorfoseava-se constantemente e a mágica dessa transformação não se centrava na beleza de suas asas, mas na possibilidade que elas lhe davam: voar.
(30/06/2011)