O café

Estou aqui em um café da cidade e um mocinho está a varrer o chão. Talvez 18 ou 19 anos. Não sei. Também não sei quem ele é, nem seu nome, nem seus sonhos, nem seus medos. Eu não o conheço e ele não me conhece.

Cotidianamente nos deparamos com essas limitações, pois alguém pode estar ao meu lado e ser um total desconhecido. A presença física, a simples presença física, não garante a compreensão da alma do outro. É preciso mais.

Estranho como esse mesmo moço, apesar de varrer o chão onde estou pisando e de me servir o café quente, não existe para mim e nem eu existo para ele. Somos dois desconhecidos exercendo seus papéis humanos e sociais. Ele é um moço a varrer o chão e eu uma mulher a tomar café. Ocupamos o mesmo espaço físico, mas não temos espaço um no outro.

Um moço a varrer o chão, uma mulher a beber café e simples palavras que tecem essa cena. A vida humana é limitada, e o dia está cinzento e bonito lá fora.

(28/01/2013)

Juliana Lima de Souza
Enviado por Juliana Lima de Souza em 24/04/2013
Reeditado em 24/04/2013
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