NESTA VIDA DE SANFONEIRO...
Bodas de ouro
Nesta vida de sanfoneiro, fui convidado para tocar numa festa de casamento, “bodas de ouro”, cinqüenta anos de vida matrimonial.
A família se resumia num total de 16 filhos entre homens e mulheres, sendo eles de origem do interior da Bahia. Só sei dizer que juntando todos os irmãos, e demais descendentes a casa ficou pequena.
Logicamente que foram preparados vários tipos de iguarias, mas prevaleciam os pratos típicos dos tempos em que moravam no interior da Bahia, e acrescentando outros tipos “miscelânea”, que foram agregados na capital paulista.
Era só alegria, eu tocando na sanfona e o velho casal dançando na sala. A família saboreando tudo o que tinha de direito. Pediram-me para ir até a cozinha saborear um leitão assado, mas na verdade era cabeça de bode, e assim foi.
A conversa rolava sem parar, o pessoal comendo pra caramba, enfim estava ótimo, e gente se lambuzando de tanto comer o leitão. Eu fiz um belo prato, um pouco de tudo, que saciei a minha fome.
De novo vamos tocar sanfona, agora eles queriam ouvir e dançar musica do “Rei do Baião”, e lá vou eu executando: Asa Branca, Assum Preto etc.
O filho mais velho pegou uma cabeça de bode no forno, botou dentro de um prato e foi degustando. Metendo o dedo no cérebro, saboreando os miolos, virgem Maria, socando o dedo também nas orelhas, e depois abriu a boca do bode, e quando vi aquilo, quase boto os bofes pra fora, tinha capim na garganta do bicho.
Em toda a minha vida, eu nunca tinha presenciado uma cena deste tipo.