RETROSPECTIVA

Hoje resolvi fazer uma retrospectiva dos principais momentos da minha vida, no âmbito do conhecimento, através da educação escolar.

Nasci em uma vila do sertão paraibano e que hoje é uma pequena cidade, chamada Riacho dos Cavalos. Vivi minha infância entre lá e o sítio Jenipapeiro, reduto da família Barbosa, Almeida e Carreiro, da qual faço parte. Meu pai, José Barbosa de Almeida, era funcionário público estadual, no lugarejo de Riacho dos Cavalos, que não tinha sossego, pois quando ele estava contra o poder estadual, imediatamente era demitido e corríamos para nossa pequenina propriedade rural. Sendo a honestidade, umas das suas virtudes, sempre manteve sua ideologia política, sem que fosse preciso pular de galho em galho em busca de vantagens. Depois voltávamos para a vila ou distrito, que pertencia à cidade de Catolé do Rocha, quando novamente o poder estava ao seu lado.

Em 1962, o vilarejo de Riacho dos Cavalos foi emancipado, meu pai novamente foi admitido e dessa vez definitivo, onde passou a ser efetivo no emprego. Então, nessas idas e vindas nunca deixei de frequentar a escola, pois não me conseguia ver fora dela. Quando estávamos no sítio tínhamos professoras que iam de Catolé do Rocha e ficavam hospedadas em casa de familiares, que sempre desejaram ver seus filhos aprenderem as primeiras letras. A comunidade da nossa família deve muito as irmãs Silva (Mirian e Dalvinha), pela competência e carinho que tiveram, ao ensinar uma turma multisseriada.

No mesmo ano de 1962 fui estudar em Catolé do Rocha, onde cursei desde o Admissão até o Pedagógico, no Colégio Francisca Mendes. Adquiri conhecimentos que juntados à base familiar fizeram-me uma pessoa que continuou buscando realizar seus sonhos. Os anos passaram, casei-me, tive os quatro filhos que programei ter, dádivas do Criador, a qual me sinto co-criadora da espécie humana.

Neste ínterim parei de estudar, já morando em João Pessoa, capital da Paraíba, mas continuei sempre dedicada à leitura, até que um dia, e não faz muito tempo, comecei a rabiscar versos, não sabia que havia escondida dentro da minha alma, assim como a pérola vive escondidinha dentro de uma concha, a inspiração.

Continuei minha jornada correndo atrás de realizar mais um sonho. A minha ânsia pelo conhecimento continuou. Nessa altura da minha vida já tinha terminado minha missão com a educação dos rebentos. Senti o ninho vazio e foi quando meu filho caçula, Ticiano, que não é o pintor italiano, mas um futuro cientista, me incentivou a fazer vestibular para Ciências das Religiões, curso novo criado pela Universidade Federal da Paraíba. Relutei um pouco devido os meus 42 anos fora dos bancos escolares, mas depois acatei a sugestão e resolvi fazer o vestibular, juntamente com algumas pessoas maduras, mas principalmente com muitos jovens que tinham terminado o ensino médio. Isso, sem frequentar cursinho, apenas com a base do conhecimento que adquiri, dos tempos outrora, e que carrego comigo. Qual não foi minha surpresa quando saiu a lista dos aprovados e lá estava o meu nome. A alegria foi tamanha, pois acabara de realizar um sonho da juventude: entrar em uma Universidade e fazer uma Graduação. Não tenho mais pretensões profissionais, apenas pelo prazer de aprender coisas novas e de conviver com a diversidade humana. Isto é gratificante!

Estou de férias, razão de ter um tempinho para escrever, ler e visitar a “praça virtual” do facebook, como chama minha amiga Valéria Montenegro. Recomeço em maio, no 4º período. Foi difícil no início, pois a linguagem acadêmica era totalmente desconhecida para mim, mas através do esforço e da vontade da realização de um sonho deixado para trás, vejo que valeu a pena. Trago as reminiscências da responsabilidade adquirida tanto no lar como no colégio. Então hoje, estou me saindo muito bem, muito bem mesmo. Infelizmente a avaliação é ainda a forma usada para medir o conhecimento. Mas como diz o ditado “estou tirando de letra”. Se alguém sentir minha ausência no espaço virtual, pode acreditar, estou estudando, pesquisando, lendo uma imensidão de textos, tudo para dar o melhor de mim naquilo que abracei como realização de um sonho e não como passatempo.

Um abraço!

Neneca Barbosa

João Pessoa, 23/04/2013

Neneca Barbosa
Enviado por Neneca Barbosa em 23/04/2013
Reeditado em 24/04/2013
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