A vida prossegue

Quando da morte do meu avô, tive a oportunidade de estar com ele, onde o mesmo me disse que não entendia o sofrimento, uma vez que ele nunca tinha-se sentido tão bem, seria uma conversa normal, se ele estivesse entre os vivos, não tinha nem vinte e quatro horas, que a família o havia enterrado. Depois desta conversa ele desapareceu diante de mim, e nunca mais o vi, no entanto ficou em mim, a certeza da vida após a morte, isso a trinta e cinco anos atrás.

Quando minha mãe, chegou próxima de fazer sua grande viagem, tive a oportunidade de ficar ao lado dela, o tempo todo, que foi cerca de noventa dias e aplicar os conhecimentos que tinha adquirido ao longo da vida, no sentido de todos os procedimentos de enfermagem e espiritual. No sentido espiritual fiz um trabalho interno, ancorado no silêncio, afirmando o tempo todo com o pensamento: Invoco a energia do amor incondicional e curo a parte minha, que criou isto em você, me perdoe, sinto muito, te amo, lhe sou grato.

Com este procedimento, ela que antes se mostrava bastante agitada e inconformada, mudou radicalmente de comportamento e passou a adotar um postura de interiorização, as dores e a agitação desapareceram, vindo a falecer em paz.

O que pude perceber que ocorreu foi um movimento de energia, que a libertou de cargas pesadas e a mim também, o amor que fluiu e flui hoje em mim é algo muito leve, ela se foi cem por cento de mim e isso não me trouxe, nenhum tipo de sofrimento, assim como removeu os dela, isso trouxe uma compreensão muito profunda, onde se percebe claramente a atuação de energias, de expressão de altíssimos vórtices de amor puro e incondicional. Acho que passei a perceber um pouco mais sobre a eternidade de viver.

Hoje faz nove dias de sua partida e optei por partilhar com todos esta vivência e a visão que tive a três dias atrás.

Era as primeiras horas da manhã e estava refletindo sobre o pedido de minhas irmãs, de, declamar na missa de sétimo dia, o poema que havia feito para homenageá-la, de repente do nada, me vi no alto de uma montanha, no interior de uma casa, cujas paredes eram de vidro transparente, em torno se via, até onde a vista alcançava, montanhas abaixo de mata intocada, me parecia uma casa construída em local desabitado, no entanto, rodeada por um jardim belíssimo, muito bem cuidado, não se via terra, se via grama no chão.

Dentro da casa observava tudo do lado de fora, devido a transparência do vidro, mas não percebia porta, para sair, neste momento percebi do lado de fora no jardim, minha mãe a me olhar, era ela, em sua mais nova forma de expressão, uma criança hermafrodita, embora este termo, aproxima, mas deixa muito a desejar, pois o que se pode dizer de um ser, que nasce sem dualidade?

Era isso que eu via, a vida prosseguia naquele ser, que representou ser minha mãe, em um veículo de expressão da vida, desprovido de dualidade, perceptível até no olhar, para ser sincero, nem mesmo ouso dizer, em que nível essa visão ocorreu, apenas sei, que nada é semelhante à vida na terra.

Ninguém sabe nada, da vida na terra, só ressoa a voz do mistério.