Crônica futurista
Era um meio mundo. Solo árido, sem qualquer vegetação ali. Um vento seco e sem ruídos. As crateras do terreno faziam parecer estar na superfície da lua. Como pudera a Terra ter mudado tanto? Que força tão extrema agira, com tamanha fúria, para destruir todas as flores, cores e amores existentes agora somente na minha lembrança?
Caminho levantando a poeira nas minhas botas brancas em direção a plataforma-nave.
Dentro da plataforma o ambiente chocava em contraste ao que se via lá fora. Tapetes felpudos estendidos, indiferentes a poeira que era sugada pelos canos aspiradores, logo na entrada. Eram suntuosos, dourados, prateados, mas nem de longe enfeitiçavam como as lembranças do mais ralo gramado.
Dali não se via a natureza viva ou qualquer vestígio dela.
Bom mesmo era nos dias de folga, ir passear de aero no local indicado como proibido e perigoso. Foi lá que descobri, saindo da terra algumas vegetações e brotando um olho d'água, pura e limpa. Inacreditável! A vida insistia em resistir. Por que não eu também? claro que poderia resgatar tudo outra vez! Seria só uma questão de paciência e tempo... Muito tempo...