QUO VADIS?
Por Rita de Cássia Amorim Andrade
O pródigo nem mesmo era filho, tampouco pródigo; era prodígio criado e recriado numa pintura refeita de várias camadas ocra, sem pinceladas, sequer puras, esfumadas apenas. Chegou por um acaso, de momento inesperado, trazido por momento circunstancial. Disse-me que lhe beijei a mão, não me recordo, talvez aturdida pela impressão déjà vu. Ora, ora, mentiu, talvez?! Pensou-me mãe, personalizou-me mestra; Pós-parto, antes do parto? – Perguntei-me atônita, sequer o pari! Ora, ora, era apenas o esboço de uma pintura, que haveria de vir, mas que ficou inacabada. Evaporou, como uma fumaça cinzenta, significativamente. Deixou rastro de película, transparente, tênue, que seguia da tela para o cosmo, na extensão do eviterno. Atravessou o mapa das incertezas pelo sopro de alguma boca carmim.
Quo vadis? – Perguntei-lhe! – Respondeu-me nas entrelinhas. Ora, ora, não importa. Eu só queria “um pouco de bálsamo, um pouco de mel, resina, terebinto e amêndoas” (Gn 43,11), para o candelabro de sete hastes se ir apagando suavemente no meu seguir infinito.