Dê Milho às Galinhas
Não somos a maior nação do planeta – mas isso depende do ponto de vista. Bélico? Agronegócio? Reservas em ouro?
Em termos de beleza natural, talvez. Docilidade do povo, sim. Pode haver ainda coisas de que não nos lembremos. De qualquer modo, ainda podemos dar milho às nossas galinhas no fundo do terreiro ou do quintal. Como devem fazer também cidadãos de bem na Ásia, América do Norte, certas áreas rurais da Europa, etc. Talvez não na Groenlândia ou nos Polos, onde nem sabemos se galinhas existem.
Estamos agora perdendo espaço no futebol. Ou ganhando, na medida em que vemos nossos estádios cada vez mais vazios. Nem mesmo jogo do Flamengo dá público. Futebol que corre o risco de deixar de ser “a maior paixão nacional”. Sem dúvida em função das trapalhadas de nossos dirigentes, muito mais preocupados com o enriquecimento pessoal que com o aperfeiçoamento administrativo na condução desse tipo de esporte. Repetindo a prática da maioria dos nossos políticos. Mas não tem problema. O basquete está ai mesmo. Ou o futebol de areia. Ou de salão. Tênis de mesa, atletismo.
O fato é que, dada à nossa condição de quase inofensivo poderio bélico, que de certo modo nos aproxima do pacifismo e equidistância política de países como a Suécia, não temos como característica a conquista de territórios ou a participação em guerras como a do Golfo, a do Iraque ou outras do tipo. E por isso não consideramos a mínima chance de que sejamos surpreendidos por cidadãos brasileiros tipo Timothy McVeigh, um ex-soldado americano que lutou na Guerra do Golfo (1990-1991). E que, apesar de “importantes condecorações por mérito, heroísmo e bravura”, em 19 de abril de 1995, durante o Governo Clinton, detonou o Edifício Alfred P. Murrah, em Oklahoma City, EUA, tragédia que levou à morte 168 pessoas e deixou 850 feridos.
Agora temos o caso desses dois chechenos que, apesar de não serem de nacionalidade americana, devem ter sofrido de algum modo a influência do “american way of life”, pelo tempo em que lá viveram. E a nossa cabeça se funde, na medida em que não ficamos sabendo as causas reais desse trágico atentado. Teriam sido reflexos dessa maneira americana de viver ou da antipatia dos dois jovens pelo governo americano ou pelo próprio império russo, a que pertenceu ou pertence a terra em que nasceram?
Será que a gente já se deu conta de que não existe um caso de terrorismo praticado por brasileiro contra seu próprio país? (Nos EUA, obviamente, eles consideram tais elementos perigosos, mas não os chamam de terroristas, quando se tratam de cidadãos americanos.) Isso já é uma coisa boa.
Como bom também é continuarmos dando milho às nossas galinhas no fundo do terreiro ou do quintal. Nada muito especial. Muito menos espacial.
Maricá, 22/04/2013