Futebol na madrugada

Como matar a fome

Aquela turma de moleques, acordava as 4 da manhã para correr em volta de um campo de futebol, molhado pelo sereno da madrugada, ficava exausta e com muita fome depois de chutar bola a manhã inteira , mesmo faminta ninguém queria voltar para casa não. A gente sempre dava um jeito de procurar alguma coisa prá matar a fome por ali mesmo. Se fosse no tempo de Manga era fácil , tinha em qualquer lugar , era só pular uma cerca e balançar um pé de manga que o chão ficava repleto daquelas delícias que a gente ...chupava até se empaturrar.

Mas tinha uma chácara do lado direito do Campo do Sete, que era um verdadeiro Pomar, tinha todo o tipo de fruta, laranja então tinha de várias qualidades. O problema é que o dono da Chácara era brabo, e estava sempre rondando a propriedade e diziam que ele tinha uma Espingarda de carregar pela boca que estava sempre carregada com chumbos dos grossos. Para entrar lá dentro tinha que ser gatuno de frutas profissional.

Eu tinha uma amigo que não fazia muita questão de fazer parte da nossa turma não. Ele era meio resabiado, branco dos cabelos Sarará e não era muito de falar. Estava sempre por alí , em volta do campo ou tomando banho no córrego que margeava pelos fundos o Estádio do Sete de Setembro. Um dia ele me convidou para ajudá-lo a roubar laranja na chácara do Brabo, eu achei aquilo o máximo e aceitei na hora, mas não podia comentar prá ninguém, seria só nós dois , em um horário que não tivesse ninguém por alí. Na hora combinada eu estava lá, fiquei sentadinho na beira do campo bem ao lado da cerca que separava o campo da Chácara. Ele chegou, deu uma olhadinha para confirmar que não tinha ninguém e sem falar nada começou a escalar a cerca, em segundos estava do outro lado. N'um instante começou a chover laranjas dentro do Campo de Futebol. Rapidinho eu ia enchendo o saco que tinha trazido de casa, em poucos minutos ele estava completamente cheio de laranjas madurinhas. A gente então, fazia um buraco enorme nas areias do córrego e enterrava as laranjas. Com um canivete bem amolado, que meu amigo sempre carregava no bolso, a gente descascava as laranjas e chupava até não aguentar mais. As que sobravam continuavam enterradas e duravam bastante tempo , conservadas pelas frias areias do Riacho.

Rio21042013

José Américo
Enviado por José Américo em 21/04/2013
Código do texto: T4252440
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