Arrogância

Arrogância

Não estou nem aí para o que pensam e pensem o que bem quiser. Pensem se conseguem pensar; pensar é para poucos e loucos. Desabafo com palavras e bafos, tudo para colocar para fora a indignação e provocar o que está adormecido.

Estou cantando e andando para falsos profetas que pregam liberdade e se aprisionam em seus conceitos fabricados na fragmentação de vida. Tudo converge para todo mundo, pena que não faço parte de tudo, porém, sou mundo. Sou todo e sou demais, um infinito passeando pela finitude e assistindo aos parvos limitarem os sonhos dos nefelibatas.

Quero olhar de longe o ranger dos dentes daqueles que sorriem amarelo para a vida, enquanto eu, entredentes, sussurro baixinho com meus botões: todo tolo é todo mundo.

Lá vou eu além, em alta velocidade, arriscando na banguela do mundo e capotando pela vida nos turbilhões de sentimentos. Aquém está quem, apenas, assiste ao show de quem vive se apresentando pela vida. Está tudo em estamos, mas ninguém compreende o estou e se perde no conjunto vazio preenchido por unidades deformadas e doutrinadas pela existência determinista.

Das pedras que me atiram, construo o meu castelo e vejo o vendaval derrubar a casa frágil, sem alicerce, dos que apenas estão, mas, jamais, estarão e, tampouco, se fixarão. Verdade, sou chato! Contudo, não sou em vão, sou e sou e jamais serei o que não quero ser, todavia, sou o que me construíram. Fabrico carapuças e entrego tacitamente; número exato para números múltiplos de usuários.

Quantas pessoas são necessárias para fazer um ser como eu? Impossível! É como querer construir o universo a partir de um grão de areia. Aceitar deus é para quem não sabe ser Deus. O meu pecado é perdoar toda estupidez e me violentar me sacrificando com o meu silêncio.

Lá vai todo mundo pensando que é tudo e lá, lá, bem longe, lá vai o poeta, com seus versos esperando sentado os cansados de vida.

Mário Paternostro