Os Sonhos de um Menino
(Por Onofre Ferreira do Prado)
Luiz Gustavo de Farias era um menino do interior, inteligente, irrequieto, cheio daqueles sonhos tão comuns dos anos juvenis. Tinha tudo para dar certo. Havia o incentivo dos pais e das irmãs, aliado à palpitante vontade de conquistar um lugar ao sol. Era alegre, otimista, fazia planos. Durante a manhã, cursava o ensino primário na pequena cidade em que nascera. À tarde e nos fins de semana, auxiliava seu pai nas diversas tarefas da atividade rural. Planejava cursar o ensino fundamental e o médio num centro adiantado. Havia recursos e sabia da palavra empenhada de seus pais. Num passo mais ousado, sonhava ser advogado. Tudo se encaminhava para um final feliz, se numa fatídica manhã de março, a vida de sua mãe não tivesse sido ceifada repentinamente, aos 37 anos, instalando muita insegurança e comoção. E, como por obra do destino, no ano seguinte, seu pai, também, de forma súbita e inesperada, dava um passo à eternidade. Começava ali, a agonia de um menino sonhador, perplexo e inseguro, diante daquele cenário e da possibilidade de não dar continuidade a um projeto bastante ambicioso para enfrentar os desafios do futuro.
A experiência, no entanto, tem mostrado que nos momentos de dificuldades, os seres, e, principalmente os humanos, costumam ir à luta com um poder muito maior de superação. Desta feita, sendo o gênero humano dotado de inteligência e de uma extraordinária gama de complexidade, será capaz de transformar o mundo. Foi assim, que Luiz Gustavo, movido de uma força criadora partiu para a luta. Atingir a felicidade plena e duradoura é algo quase impossível, porém, mesmo não sendo advogado nem atingindo a perfeição, dentre tantas conquistas alcançadas, conseguiu realizar três obras fantásticas: plantou árvores, foi pai e escreveu livros. A conclusão derradeira que se tem, é que, o menino sonhador foi feliz.