Desventuras em Muriqui

Há os que narram a maravilha de se passar um dia em Itapuã. Eu conto as desventuras de um dia em Muriqui.

Para quem não sabe, Muriqui é um município do Estado do Rio de Janeiro. Pelo menos eu acho. Talvez nem o Google tenha maiores registros de tão aprazível localidade, assim como não apresenta qualquer informação quando chegamos lá e buscamos por “judeu pobre”, por exemplo. Para melhor situar o leitor, Muriqui é uma cidade praiana. Imagine o bairro de Pavuna com praia, seria igual.

Chegando lá, para o aniversário da minha avó, fui direto dar uma volta pelo centro da cidade. Logo de cara, vi um camelô vendendo camisetas e fui verificar a mercadoria. Para minha surpresa, ele vendia camisas polo da Tommy Hilfiger! Encontrar um camelô, em Muriqui, vendendo camisas da Tommy Hilfiger é a mesma coisa que achar mulher de família em baile funk com a trilha sonora “my pusy é o poder”. Depois que terminei de provar a primeira peça, mostrei para minha mãe. Ela mandou eu desabotoar os botões, pois, caso contrário, ficaria parecendo um “Paraíba”. O dono do empreendimento comercial não gostou muito. Porém, como sou neto de piauiense, tenho imunidade para fazer esse tipo de brincadeira e a concedi para minha progenitora.

Como estava frio, preferi não entrar no mar. Na verdade, mesmo se estivesse um calor de Bangu, eu não entraria. Por quê? Já que passa um cargueiro carregador de minério de ferro em frente à praia, a água é preta! Arriscado eu entrar ali e sair um verdadeiro homem de ferro. Imagino o que seria complicado na hora de ir a um banco. A praia serviu mesmo para jogar futebol com meus primos com uma jabulani genérica comprada numa loja próxima.

Depois do futebol, nada como curtir o show da banda de forró contratada pelos meus avós para animar a festa. Banda essa que cantava, inclusive, músicas em inglês da Romênia. Também me surpreendeu o cover do Sidney Magal com uma peruca Black Power (?!). Durante a cantoria, nada como ver minha avó, no alto dos seus 76 anos – com corpinho de 77 – tentar fazer o quadradinho de 8.

Como diria Galvão, é teste para cardíaco, amiiiigo.