Para quem tem medo de monstros


Estava andando pela floresta e, de repente, escutei uma música maravilhosa, divina, inspiradora. Não sabia de onde vinha, mas não importava, eu estava feliz. Para mim aquela era a música da vida, do amor, do bem. Contiuei andando e, ao andar, olhava para os lados. Os pássaros voavam baixinho e, tenho certeza, batiam as asas de acordo com a melodia. E as flores, então? Exibiam suas cores, múltiplas e exuberantes e também acompanhavam o som. Os pequenos animais saltitavam ao som das notas musicais, enquanto os grandes balançavam harmoniosamente suas cabeças. Senti vontade de dançar, era uma grande alegria, uma coisa que nunca antes senti.
Achei que isso era a própria vida, a vida em sua essência.
De repente, no meio daquele tocar, daquele cantar, uma voz sussurou com temor. Dizia que havia monstros por ali. Monstros que queriam matar, mutilar. Razões para isso não tinham, embora pensassem que tivessem razões mil.
Eu não vi os monstros, mas acreditei que eles estavam por ali, atrás das grandes árvores. Acho que até ouvi gritos de terror. Preferi, entretanto, ouvir o som da música, da música divina, que estava no ar. Aos poucos o delicioso som foi aumentando, aumentando. Mal conseguia ouvir o grito dos monstros. Continuei a caminhar e não os ouvia mais. Acho que os monstros não estão mais lá, acho que já se foram. Eu não consigo mais ouvi-los.
O som maravilhoso continua no ar. E o ar parece puro e há um céu também que posso ver entre as copas das árvores. A meu lado vejo cores, vejo pássaros, vejo vida. Acho que os monstros se foram...será que foram?


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Monstros em Boston