Bom Dia, Mãe Terra

O dia amanheceu como se fora chover, mas, assim que me assentei para comer um mamão aguardando sair o café quentinho, enquanto via o noticiário na Tv, ouvi um estrondo e senti um tranco no banco onde me assentara.Percebi tratar-se de um tremor de terra, em seguida avaliado em 3.8 graus. Coincidentemente, um avião acabara de decolar o que fez muita gente achar que fora o efeito do deslocamento de ar do mesmo! Dias atrás, ocorreu um leve abalo às 02h50m e, no outro dia, outro pequeno na parte da tarde. Esse de hoje, no entanto, foi semelhante ao de meses atrás, ocorrido de madrugada, de igual magnitude.É uma sensação estranha, mas, que trás à reflexão a questão do estupro que os filhos (des)humanos fazem à Mãe Terra perfurando-a, selvagemente, com gigantescas perfuratrizes ou explodindo suas benditas entranhas para delas absorver a seiva escura do petróleo, o bafo generoso e incontido dos gases, os cálculos renais dourados, prateados, azuis e verdes, posteriormente lapidados para enfeitarem objetos de luxo, bustos, pescoços, orelhas e outros membros, além da fonte da vida, a preciosa água que ela, cuidadosamente, armazena e deixa escoar pelas veias generosas para refrescar e saciar toda a criação.Água capaz de apagar incêndios, saciar e refrescar elefantes e colibris, mas, incapaz de apagar o fogo devastador e cruel do ser humano, em sua ânsia estúpida de preencher “o ter” e esvaziar “o ser”, mesmo tendo sido, alguns desses, devidamente lavados - pelo Batismo - ainda criançinhas, nos braços de uma mãe humana, igualmente, generosa.

É natural, pois, que ruja, estrebuche e se irrite, a pródiga Mãe Natureza!

Com certeza deseja e, como mãe que é, tem esperança de que alguns filhos, o máximo possível, cuidem um pouco mais dela, para terem mais tempo de serem por ela afagados com tantos mimos de que dispõe. Até porque, por mais que a depravem e destruam, tem ela tempo e condições para se recompor, já seus filhos....

Que filhos somos?