Sexta-feira: dia de furar o papo.
Por Carlos Sena
Tem gente que se agonia na sexta-feira porque é dia de “soltar a franga”. Porque quem tem franga solte ela do seu jeito. Há quem não tenha franga, tem demônios. Pra mim qualquer dia é dia de soltar o que se quiser – frangas, frangos ou demônios.
A sexta-feira feira tem a seu favor toda uma estrutura de fim de tarde, de cerveja, de barzinho, de boteco. O comum a todos é a mesa, os tamboretes, os pileques. O papo furado. Como é bom furar o papo numa mesa de bar – diferente de papo furado na hora da janta em casa, ou mesmo no trabalho. O papo fica mais furado ainda quando se perfila de assuntos íntimos, ou intimistas. A “macharada” adora esse tipo de papo: a mulher que comeu a que “pegou”... Muitas vezes é só propaganda enganosa, mas na sexta-feira no bar tudo cabe, ou cabe apenas o que se quer expor no farfalhar das ilusões misturadas à embriaguez. Embriaguez que pode ser só de ideias, só de aventuras, só de fossa, de “roedeira” por quem se foi embora. Dor de cotovelo – como num final de tarde essa dor doe menos!
Papo furado também pode ser coisa séria, afinal é brincando que se dizem as maiores verdades. Nesse quesito os outrora militantes de esquerda eram professores. Afinal, em quantas mesas de bar já não se conspirou contra governos, até mesmo contra a própria conspiração. Porque o verdadeiro militante de esquerda, por vocação, conspira inclusive quando não tem o que conspirar. Mas isso é coisa de sexta-feira em seu bordão etílico, profético, pictórico.
Enquanto não se fura o papo, a gente fica na conversa sistêmica do trabalho esperando um telefonema de quem se ama ou de com quem se quer sair. Afinal, sendo sexta, há demônios para serem soltos; há macharadas para diluir entre um copo e outro suas inquietações; há mulheradas apaixonadas ou apenas carentes de nova ilusão; há ermitões se consumindo no livro de leitura denso, pra ver se descobre o caminho do céu em pleno inferno das suas tensas inadequações... Por isso, prefiro sexta meio besta, meio beba, meio cega, meio acesa. Afinal, é sexta...
Por Carlos Sena
Tem gente que se agonia na sexta-feira porque é dia de “soltar a franga”. Porque quem tem franga solte ela do seu jeito. Há quem não tenha franga, tem demônios. Pra mim qualquer dia é dia de soltar o que se quiser – frangas, frangos ou demônios.
A sexta-feira feira tem a seu favor toda uma estrutura de fim de tarde, de cerveja, de barzinho, de boteco. O comum a todos é a mesa, os tamboretes, os pileques. O papo furado. Como é bom furar o papo numa mesa de bar – diferente de papo furado na hora da janta em casa, ou mesmo no trabalho. O papo fica mais furado ainda quando se perfila de assuntos íntimos, ou intimistas. A “macharada” adora esse tipo de papo: a mulher que comeu a que “pegou”... Muitas vezes é só propaganda enganosa, mas na sexta-feira no bar tudo cabe, ou cabe apenas o que se quer expor no farfalhar das ilusões misturadas à embriaguez. Embriaguez que pode ser só de ideias, só de aventuras, só de fossa, de “roedeira” por quem se foi embora. Dor de cotovelo – como num final de tarde essa dor doe menos!
Papo furado também pode ser coisa séria, afinal é brincando que se dizem as maiores verdades. Nesse quesito os outrora militantes de esquerda eram professores. Afinal, em quantas mesas de bar já não se conspirou contra governos, até mesmo contra a própria conspiração. Porque o verdadeiro militante de esquerda, por vocação, conspira inclusive quando não tem o que conspirar. Mas isso é coisa de sexta-feira em seu bordão etílico, profético, pictórico.
Enquanto não se fura o papo, a gente fica na conversa sistêmica do trabalho esperando um telefonema de quem se ama ou de com quem se quer sair. Afinal, sendo sexta, há demônios para serem soltos; há macharadas para diluir entre um copo e outro suas inquietações; há mulheradas apaixonadas ou apenas carentes de nova ilusão; há ermitões se consumindo no livro de leitura denso, pra ver se descobre o caminho do céu em pleno inferno das suas tensas inadequações... Por isso, prefiro sexta meio besta, meio beba, meio cega, meio acesa. Afinal, é sexta...