Reflexões Matinais

Gosto de observar minha casa após a visita de alguém. Fico observando os pelos pelo chão, pela cama, pelo sofá e acho interessante esse “caminhar” do outro no espaço em que habito.

Em um dia de faxina consigo discernir, através dos cabelos, quem esteve aqui. O outro sempre nos marca; alguns mais, outros menos, mas todos deixam seus cabelos pelo caminho que percorremos e habitamos.

Com a casa limpa alguns voltam e nos marcam novamente, outros, entretanto, não voltarão a deixar seus cabelos e pelos; levarão a outros espaços, mas não mais neste que habito.

E a faxina ainda sim é necessária, mesmo sabendo que apagaremos os vestígios dos outros. Acumular rastros alheios, além de nos deixar sujos, é uma forma de trazer em nossa história pesos desnecessários. Os outros se quiserem se manter vivos onde habitamos, que venham nos visitar com mais frequência.

O mais complicado de ter piso branco no chão de casa é que nele se evidenciam mais claramente quem por aqui passou; quem por aqui marcou.

22/03/2012.

Juliana Lima de Souza
Enviado por Juliana Lima de Souza em 18/04/2013
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