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DEIXEM VIR MAIS VERDE
Ao mesmo tempo em que muito se fala em aquecimento global, o verde parece estertorar-se e morrer no frontão do nosso planeta. É o reflorestamento em crise, às vias de se ter um irreversível declínio, bastante estúpido, da reciclagem de novos ressurgimentos de florestas.
Rios e lagos, que eram permanentes, meio às selvas de concreto de grandes, médios e pequenos centros urbanos do mundo inteiro viram lixões, lama pura, um caldo grosso e imundo de excrementos. Vão ao Tietê e verão a desgraceira ambiental. Podem ir também ao Capibaribe, ao Ceará, ao Hudson, ao Reno e ao Volga, ou a qualquer outro ribeiro de pequena monta, até ao nosso riacho Pajeú, bem ali nos fundos da Sé de Fortaleza.
Outros pontos garroteados pela opressão imobiliária são as orlas marítimas. Arranha-céus invadem as praias, quase se elevam dentro do mar, numa gulodice de lucros, sem o menor constrangimento. Lagoas, idem, também são cercadas de hotéis, motéis e pousadas, vendas e quiosques da quinta categoria, deixando a lâmina d’água em petição de desgraça.
Assim, como urbe de médio porte, num contexto internacional, Fortaleza não foge à regra da ingratidão do homem para com a Natureza. Na Beira-Mar, ponto chique e turístico, os espigões barram o sopro das brisas e o pulmão da cidade que sofra as consequências dos calores incomuns. Aí, com enorme sede de se fazer dinheiro, estrangeiros, sobretudo os galegos ianques e italianos, se apropriam de atuais edifícios e constroem novos a passos largos. Ingrato progresso contra a Natureza!
Uma área verde, das últimas, localizada no mangue do Cocó, banhado por rio de igual nome, já fora invadido por um gigantesco shopping, o Iguatemi. A partir dessa invasão inicial, a reserva de mata tropical tornou-se uma zona de pendengas judiciais, com imobiliárias gananciosas querendo a todo custo meter, ali, meio ao que resta de verde, mais e mais montanhas de cimento armado.
Um ou outro edil, na Câmara Municipal, tem-se rebelado em defesa da preservação do dito Parque do Cocó, com outros vereadores e parlamentares estaduais metendo fogo para que a linda área seja devastada, atitude justificada, quem sabe, a custo de propinas.
Citamos o caso de Fortaleza, mas, sem dúvida, o problema das invasões de áreas verdes é uma realidade universal. Trágico resultado: menos verde, menos saúde, muito mais calores e degradação ambiental.
A lenga-lenga de como manter o tal Parque é insolúvel, ao coro das discussões e liminares, envolvendo atores ineficazes e sempre atiçados por interesses de partidos políticos. Isto sem falar das grandes imobiliárias, lá das panelas de grandes capitalistas locais, nacionais e do oco do mundo.
Fortaleza, a leste e a oeste, aperta-se entre dois rios de bom tamanho. São eles, respectivamente, o Cocó e o rio Ceará. Na foz deste último, há uma barra lindíssima e totalmente abandonada. Aqui se concentra uma população pobre, esquecida e, para que todos fiquem pasmos, somente na Barra do Ceará – cálculo da minha própria alçada – existem mais motéis do que livrarias em todo o Estado.
Há tantas lagoas, no perímetro urbano, agonizando! Por causa da imundície, da sujeira e da falta de oxigênio, é constante a mortandade de peixes nas lagoas de Parangaba, de Messejana, do Opaia, do Papicu, da Maraponga, de São Raimundo, do Urubu, se é que não nos esquecemos de outras.
No Centro, com exceção de duas belas áreas verdes, a Praça dos Mártires, ou Passeio Público, e o Parque (ou Cidade) das Crianças, defendido este ardorosamente por Dona Rachel de Queiroz, enquanto teve existência, o restante dos logradouros com vieses de natureza não é lá (o restante!) de nos causar orgulho.
Por isso que a defesa do Parque do Cocó, já subtraído primeiro pelo Iguatemi, se nos faz da maior importância.
Eia, Prefeitura, senhores vereadores e deputados estaduais, federais e senadores! Também o senhor governador, todos, população em geral, sem exceção, demos de com força uma mãozinha pela preservação da linda e necessária área verde do Parque do Cocó, em Fortaleza, ameaçada pela gula de capitalistas internos e externos. Por favor, deixem vir mais verde: a Natureza, enfim, a vida, esta, mais que ninguém, agradecerá.
O planeta não é um todo? Ao pedir arrego pelo nosso quintal – estou convicto disto –, também estarei pedindo socorro pelos lagos e rios e mares e reservas florestais do mundo inteiro.
Rios e lagos, que eram permanentes, meio às selvas de concreto de grandes, médios e pequenos centros urbanos do mundo inteiro viram lixões, lama pura, um caldo grosso e imundo de excrementos. Vão ao Tietê e verão a desgraceira ambiental. Podem ir também ao Capibaribe, ao Ceará, ao Hudson, ao Reno e ao Volga, ou a qualquer outro ribeiro de pequena monta, até ao nosso riacho Pajeú, bem ali nos fundos da Sé de Fortaleza.
Outros pontos garroteados pela opressão imobiliária são as orlas marítimas. Arranha-céus invadem as praias, quase se elevam dentro do mar, numa gulodice de lucros, sem o menor constrangimento. Lagoas, idem, também são cercadas de hotéis, motéis e pousadas, vendas e quiosques da quinta categoria, deixando a lâmina d’água em petição de desgraça.
Assim, como urbe de médio porte, num contexto internacional, Fortaleza não foge à regra da ingratidão do homem para com a Natureza. Na Beira-Mar, ponto chique e turístico, os espigões barram o sopro das brisas e o pulmão da cidade que sofra as consequências dos calores incomuns. Aí, com enorme sede de se fazer dinheiro, estrangeiros, sobretudo os galegos ianques e italianos, se apropriam de atuais edifícios e constroem novos a passos largos. Ingrato progresso contra a Natureza!
Uma área verde, das últimas, localizada no mangue do Cocó, banhado por rio de igual nome, já fora invadido por um gigantesco shopping, o Iguatemi. A partir dessa invasão inicial, a reserva de mata tropical tornou-se uma zona de pendengas judiciais, com imobiliárias gananciosas querendo a todo custo meter, ali, meio ao que resta de verde, mais e mais montanhas de cimento armado.
Um ou outro edil, na Câmara Municipal, tem-se rebelado em defesa da preservação do dito Parque do Cocó, com outros vereadores e parlamentares estaduais metendo fogo para que a linda área seja devastada, atitude justificada, quem sabe, a custo de propinas.
Citamos o caso de Fortaleza, mas, sem dúvida, o problema das invasões de áreas verdes é uma realidade universal. Trágico resultado: menos verde, menos saúde, muito mais calores e degradação ambiental.
A lenga-lenga de como manter o tal Parque é insolúvel, ao coro das discussões e liminares, envolvendo atores ineficazes e sempre atiçados por interesses de partidos políticos. Isto sem falar das grandes imobiliárias, lá das panelas de grandes capitalistas locais, nacionais e do oco do mundo.
Fortaleza, a leste e a oeste, aperta-se entre dois rios de bom tamanho. São eles, respectivamente, o Cocó e o rio Ceará. Na foz deste último, há uma barra lindíssima e totalmente abandonada. Aqui se concentra uma população pobre, esquecida e, para que todos fiquem pasmos, somente na Barra do Ceará – cálculo da minha própria alçada – existem mais motéis do que livrarias em todo o Estado.
Há tantas lagoas, no perímetro urbano, agonizando! Por causa da imundície, da sujeira e da falta de oxigênio, é constante a mortandade de peixes nas lagoas de Parangaba, de Messejana, do Opaia, do Papicu, da Maraponga, de São Raimundo, do Urubu, se é que não nos esquecemos de outras.
No Centro, com exceção de duas belas áreas verdes, a Praça dos Mártires, ou Passeio Público, e o Parque (ou Cidade) das Crianças, defendido este ardorosamente por Dona Rachel de Queiroz, enquanto teve existência, o restante dos logradouros com vieses de natureza não é lá (o restante!) de nos causar orgulho.
Por isso que a defesa do Parque do Cocó, já subtraído primeiro pelo Iguatemi, se nos faz da maior importância.
Eia, Prefeitura, senhores vereadores e deputados estaduais, federais e senadores! Também o senhor governador, todos, população em geral, sem exceção, demos de com força uma mãozinha pela preservação da linda e necessária área verde do Parque do Cocó, em Fortaleza, ameaçada pela gula de capitalistas internos e externos. Por favor, deixem vir mais verde: a Natureza, enfim, a vida, esta, mais que ninguém, agradecerá.
O planeta não é um todo? Ao pedir arrego pelo nosso quintal – estou convicto disto –, também estarei pedindo socorro pelos lagos e rios e mares e reservas florestais do mundo inteiro.
Fort., 18/04/2013.