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Embalos


Sandra Amorim  deixa em sua escrivaninha um lindo poema, "Amando", e o link para uma música do filme Embalos de Sábado à noite." Pergunta-me, e a outros poetas se nos lembramos daquela canção, "More than a  Woman." E me traz lembranças para escrever esta crônica.

*

Há apenas alguns dias, em um domingo chuvoso, enquanto passava os canais da TV à cabo deparei com a reprise do filme Embalos de Sábado à Noite, um ícone no final dos anos  70 e início dos anos 80. Comecei a assitir, e enquanto me embalava com os movimentos do personagem de John Travolta, Tony Manero, as lembranças começaram a aflorar.

Vi-me adolescente outra vez, na pista de dança, as meias coloridas e cheias de brilhos aparecendo sob as tiras das sandálias de saltos altos, enquanto luzes psicodélicas rodopiavam no teto, vindas do enorme globo espelhado que girava. Senti novamente o sabor de chiclete com gin-tônica, e vi meu rosto meio-suado no espelho do banheiro do clube, entre meninas agitadas que entravam e saíam, enquanto eu retocava o delineador preto e ajeitava as trancinhas finas jogadas sobre o cabelo liso e longo , trancinhas estilo "Marisa" (personagem de Gloria Pires na novela Dancin' Days).

 Todo mundo dizia que eu era bem parecida com ela!


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Olho em volta e vejo os amigos que me acompanhavam - alguns deles, já se foram daqui há muito tempo, ainda bem jovens. Vejo seus sorrisos, enquanto dávamos as mãos e dançávamos, imitando as coreografias do filme. É como se eles nunca tivessem ido embora, ou jamais tivessem envelhecido. É só fechar os olhos, e lá estamos nós, juntos novamente.

Mas olho para a tela e vejo que aquele John Travolta magrelinha, com aquele corpo ágil que dava mesmo mais de mil voltas em dez segundos, hoje está um senhor maduro e arredondado. As músicas do filme não passam de lembranças; os Bee Gees não são mais os mesmos. As canções que nos embalaram em nossa juventude tornaram-se apenas ecos de um tempo que se foi. 



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Mas se eu usar a minha imaginação, ainda estarei sentada com minha irmã e meus amigos no escurinho do cinema, os olhos vidrados na tela, enquanto tentamos decorar alguns passos daquela coreografia mágica,  fingindo que estamos lá naquele cenário do filme. E as luzes se acendem, e todos tentamos fingir que não estamos nem um pouco emocionados, e comentamos: "Muito maneiro!"

Revi o filme. Revi a vida. 





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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 17/04/2013
Reeditado em 03/04/2015
Código do texto: T4245021
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