Crônica “molinha”, da vida que é.
Por Carlos Sena


 
Certo dia li um poeta da geração passada (não me lembro do nome) que era mais ou menos assim: “As flores são uma questão de sorte: umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte”... Isto reflete um pouco ou muito da nossa realidade “miudinha”, preta no branco. Significa que somos todos um processo em permanente ressignificação. Mostra-nos a clareza do dia e a escuridão da noite, embora saibamos que quando é noite aqui, é dia lá, no Japão e adjacências. Lembra-nos que há encontros e desencontros, que há partidas, mas há chegadas. Que há espera e desespera; que há perfume e que há cheiro ruim e até falta de cheiro.
A vida parece correr independente de nós, embora tenhamos a pretensão de querer que ela corra sob nossa dependência. Entendo que ao ser humano sejam dadas as possibilidades de ser feliz com pouco, ou com muito, ou sem pouco nem muito, mas muita capacidade de entender os “recados” que ela nos dá em forma de significados e ressignificações. Saber o que se quer nem sempre nos conduz a plenitude da vida. Porque muitas vezes o nosso querer foi construído por outrem, principalmente pela cultura que interagimos. Descobrir o que se quer da vida talvez seja o “mote”. Porque ela, a vida, nem se preocupa com o que nós, humanos queiramos dela. Ela é absoluta e nós, relativos.