O mercado editorial
É muito difícil, em qualquer parte do mundo e não só aqui, afirmar-se como artista. Escritores, músicos, pintores e demais pessoas ligadas a este criativo mundo sabem disso.
A mais fácil forma de conseguir-se êxito é em concursos. Os promovidos por autoridades no assunto são os que, normalmente, têm o maior valor. No mercado literário, quem consegue distinção nos prêmios Saci, Portugal-Telecom e Secretaria de Cultura de São Paulo, pode contar com boas esperanças na edição de livros.
Este sucesso, no entanto, ainda que publicada a obra e com boa venda, não garante que o autor possa viver dos direitos autorais. O brasileiro lê pouco; sabe-se que Jorge Amado, Paulo Coelho e João Ubaldo Ribeiro conseguiram e conseguem viver da literatura. Muitos outros autores famosos não têm a mesma sorte, salvo os escritores de novelas para televisão, que muito deixam a desejar.
A literatura é ingrata. Enquanto artistas da música popular brasileira, como Ivete Sangalo e principalmente cantores de música sertaneja têm jatinhos particulares, autores como Ferreira Gullar e Verissimo, tradicionais no mercado, são obrigados a escrever crônicas para conhecidos jornais para conseguirem viver com dignidade.
Trabalhando diretamente com escritores, pois sou revisora, tenho facilidade de perceber o fato. Muitos deles, autores de excelentes romances, continuam com suas obras esperando publicação. Quando me prendo a esta modalidade literária, romance, é por sua importância artística, já que livros de autoajuda vendem espantosamente.
Trabalhei num livro que concorreu ao Prêmio Saraiva de Literatura. Está aguardando o prazo do edital, pois pode ser chamado para publicação. Um texto excelente, dos melhores que já revisei nos últimos anos. O vencedor, discutível, abordou um tema particular, problemas de Israel, que nada tem com a realidade brasileira, nem mesmo mundial.
Quantos autores passam pelo mesmo problema, e sem perspectivas de viver deste trabalho é fato que não posso imaginar. O mercado literário é muito incerto.