O PODER DO TÍTULO ELEITORAL
 
Ontem fui ao TRE acertar as contas com a Justiça Eleitoral, fui multado em R$10,53 por ter faltado a três eleições e corria o risco de perder o título, o que me traria imensa dor de cabeça. Na mesma situação havia uma senhora sentada ao meu lado, dizendo ela que havia pagado uma multa de R$3,50 por não ter votado, estava doente. E ali estava para fazer seu recadastramento eleitoral e inserir seus dados biométricos, contente e feliz da silva.
Enquanto aguardava fiquei pensando sobre as eleições que participei, inclusive, fazendo uma mea culpa por ter ajudado eleger um bandido pedófilo, isso mesmo, assumo meu erro. Infelizmente na face daquele desgraçado não estava escrito quem verdadeiramente ele é, fui um tolo, enganado por acreditar num discurso bonito.
Enquanto viajava nos meus arrependimentos a senhora puxando assunto me perguntou em quem eu havia votado nas últimas eleições? Respondi que havia faltado por estar viajando e como a multa é desprezível preferi pagar a perder o passeio. Insistindo no diálogo ela começou a contar sobre suas participações em eleições, contou desde a época de JK, contando como ela e seu esposo havia chegado a Brasília e assim por diante. Depois de ouvir com toda atenção e educação, afinal estava eu na frente de uma octogenária que ainda faz questão de votar, passei a refletir.
A experiência em pessoa ali ao meu lado me deu uma “agulhada” que, confesso, me senti muito mal, envergonhado. Disse a voz da experiência: “é uma pena que o brasileiro não dá importância ao poder que tem nas mãos, o título eleitoral. Com esse simples pedaço de papel podemos mudar tudo, desde a nossa vida como a vida dos outros. Mas o que vemos é uma pena, às pessoas reclamam dos políticos como se eles fossem vindos de outro planeta, caíssem aqui por acaso, mas nós é que os colocamos como autoridades e uma vez investidos no poder fazem de tudo, da simples indicação dos seus afilhados para empregos até roubarem tudo o que podem.”
Tive que concordar com ela, a propósito, costumam dizer que Brasília é lugar de ladrão, como se somente nós, os moradores de Brasília votassem neles, na verdade aqui chegam de “pára-quedas”, e muitos em pouco tempo já se lambuzam nos cofres públicos.
Então fiz a seguinte pergunta para aquela sábia senhora: Qual seria sua ideia para resolver essa situação, se a senhora tivesse o poder de resolver o que a senhora faria? Ela sorrindo, disse: “ah meu filho, basta os meios de comunicação dividir a culpa! Assim quando o eleitor for votar vai ficar mais desconfiado!” indaguei: como dividir a culpa? Ela foi mais clara: “atribuir à corrupção ao político, mas também, a quem votou nele. Dizendo: você que votou no fulano que é ladrão, também tem culpa você o ajudou a roubar. No mínimo são comparsas que nem diz os policiais”.
Não contive o riso, mas concordei, é verdade. Se os eleitores fossem, ainda que, somente chamados de coniventes passariam a ter mais zelo na hora de votar, talvez assim, pudéssemos tirar “o joio do trigo”, ser mais cuidadosos na hora do voto, afinal como bem disse a senhora temos um papel que nos dá muito poder, mas infelizmente não sabemos usá-lo para resolver a vida de todos nós. Essa é a verdade.
Na próxima eleição vou anotar no papel os nomes dos meus candidatos, se eles roubarem, desonrarem a procuração que darei a eles assumirei a minha parcela de culpa publicamente, assim como fiz quando votei no pedófilo para deputado. E você, tem coragem de fazer?