O AMOR DO DERROTADO

Para quem toma a decisão de matar o amor, é sempre tão simples seguir a diante. O mundo se abre, o horizonte se amplia. Geralmente o cavalo já está selado, e o caminho a ser trilhado está idealizado, independentemente de que quem vai sofrer.

O revés, não tem reação alguma. Em meio a turbulenta tempestade a qual foi atirado, tenta se agarrar nas asas da ventania. Em vão.

Bate contra o paredão de pedra, e em destroços, cai.

Junta os cacos que sobrou de se, pra tentar caminhar mas, arrastar a corrente pesada e vergonhosa da desilusão e da dor da derrota, é difícil demais.

Porem mesmo humilhado não desiste. Ajoelha-se por várias vezes. Enquanto todos ao seu redor percebem que é inútil lutar, ele cego não admite que acabou, se ilude e não desiste.

Armado até os dentes de coisas que ao seu ver, vai causar rendição. Velhas fotografias, cartas, uma mecha de cabelo que guardara desde a época do namoro, flores, entre outras coisas. Sentindo-se poderoso, parte em direção a seu oponente, que inabalável, apenas o olha inexpressivamente e o derrota com apenas uma frase: “eu não te amo mais!!!”

Em um segundo passa o filme de uma vida inteira em sua cabeça.

Tantos sacrifícios por nada?

Uma mistura de sentimentos e sensações invade seu corpo.

Morto por dentro, não come, não dorme, nada mais faz sentido. Estado vegetativo, coração em coma.

O amor do derrotado é egoísta, imperativo e besta. Ele sabe que acabou, que mesmo que volte, de forma alguma dará mais certo, pois o encanto foi quebrado.

Toda via, engolir a seco a saliva amarga da derrota, é tão difícil. Andar com um punhal encravado nas costas sem poder retirá-lo, é doloroso.

Esse é o amor do derrotado, incapaz de abrir a gaiola e deixar que o pássaro que está triste voe. Sem saber ele que: a gaiola estando aberta outro pássaro poderá entrar. Pois verões sempre virão para secar os pastos mas, as primaveras trarão flores aos jardins.

Alessandro Lisboa

Alessandro Lisbõa
Enviado por Alessandro Lisbõa em 15/04/2013
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