Meu mundo é composto por bundas e folhas

As folhas dançam ao som do vento.

Sentado, comendo pipoca, olhando e pensando: por que me sinto tão bem olhando o movimento das folhas? Na verdade não é apenas o movimento que me encanta; também a ausência dele. O que gosto mesmo é das folhas e galhos d’árvore. Observa-las me trás um prazer espiritual tribom, além da lembrança do tempo em que eu me denominava budista. E nesta noite de sábado, as folhas dançam tão suavemente como se estivessem a praticar tai-chi. Leveza.

Pipoca; e uma bunda que passa. Outra bunda passa. Muitas bundas passam. E eu fico a me perguntar: oh deus pra quê tantas bundas, ou pelo menos, por que tão grandes? Nesse momento um sorriso perdido toma conta do meu rosto. Parece que a era das bundas retornou. Não, não é loucura: é ciência. A ciência evolucionista afirma que nossos ancestrais, aqueles que andavam de quatro, davam o maior valor a uma boa bunda. O que é fácil de compreender, afinal de contas, bundas e rostos ficavam no mesmo plano existencial. Entretanto, com a evolução para o homem ereto, nós passamos a dar mais valor ao rosto; daí mesmo que surge o beijo na boca. Mas, o que parece nesse momento é que a bunda voltou a dominar, talvez seja por isso que as meninas, frequentadoras de academia, usem shorts tão chamativos: vermelho, tigresa, verde neon... Para atiçar nossos extintos primitivos. Um viva a nova era das bundas.

Acaba-se a pipoca. Continuo sentado onde estou degustando o vento frio de sábado que bate na minha face. Agora que estou a escrever, fico pensando em dar um final engraçado ao texto, entretanto não tenho esse talento Veríssimo. Tento um final filosófico, mas não tenho nada de Braga em minhas veias. O certo é que tenho que me contentar com o movimento. Movimento das folhas e bundas que brincam em meu ser.