Passando a limpo

De repente, resolvi começar a passar a limpo o meu romance que conclui este ano e tirei da gaveta a primeira parte dele, que escrevi há anos atrás. Desde então, percebo as mudanças que tenho feito: retirando coisas que acho desnecessárias ou que penso que não fazem sentido e acrescentando outras em que eu não tinha pensado quando escrevi a primeira versão. Ao reler certas passagens, eu me pergunto: eu fui capaz de escrever essas bobagens? Sim, digo que certas coisas que eu escrevi antes eu estou suprimindo porque as considero bobagens agora. Quero que todos saibam que eu sou minha maior crítica e me preocupo muito com a qualidade do que produzo.

Se, por um lado, essas mudanças me fazem pensar que eu escrevi um monte de bobagens, dão-me a esperança de que minha arte da escrita tenha evoluido. Mãe diz que minha escrita só melhorou com o tempo e eu penso que isto é porque não parei de escrever, não devido a um dom divino. Considero o escrever uma arte que tem que ser constantemente aperfeiçoada.

Neste processo de passar meu romance a limpo, eu estou revendo meus queridos personagens no começo da caminhada, comparando-os com o que eles se tornaram no fim do romance. Antigas emoções estão renascendo e vejo que o amor que eu sentia por eles não feneceu. Penso que eu pensei primeiro neste romance quando eu tinha 17 anos e que, no começo, eu tinha planos diferentes para o destino dos personagens. Muito foi replanejado no decorrer da história e, no processo de releitura e revisão, muito mais está sendo mudado. Pensando bem, ainda bem que eu sempre mudo constantemente o que escrevo, porque isto me permite melhorar mais. Espero que, quando eu tornar esta história, na qual depositei anos de amor e esforço pública, os leitores sejam recompensados.