DOMINGO É DIA DE ALMOÇO DA CASA DE TITIA.
Por Carlos Sena
Vou almoçar com titia. Titia Fatima, mais precisamente. Uma titia verdadeiramente escolhida por mim, embora nem tenhamos idade de sermos tia ou sobrinho. Tia Fátima é uma tia por adoção. Ela também é minha sobrinha, pois sempre também me chama de “Titio”. Vou almoçar na casa dela. Nada especial, não fosse o fato de residirmos num lugar sem muito aconchego enquanto cidade. Por falta de aconchego a gente cria e foi nesse diâmetro que nos conhecemos “Tios e Tios” – não há sobrinhos nessa nossa relação, mas um sentimento de que “quem não tem família por perto cria uma”, no melhor sentido da palavra. Isto porque família é família e jamais seria substituída. Mas nós nos sentimos assim, meio família nesta terra de pouco riso, de poucos afagos e de muita cara feia quando era pra ser bonita e bonita quando era pra ser feia. Fico pensando que se Brasília não fosse feita e pensada em uma prancheta de arquiteto, talvez fosse mais solidária, mas amiga e mais feliz. Com a minha terra, Recife, é diferente. Quem melhor traduz o seu sentimento é o poeta alagoano Ledo Ivo: “amar mulheres, várias, amar cidades só uma: Recife”...
Mas bode bom não berra. Essa minha prosa não é um berro, nem um sinal de mal estar. É um sinal de que nós inventamos o amor de qualquer jeito. Porque Cazuza nos lembrava de que o amor se inventa e, nesse caso, parece nalguns momentos ser mais amor. Por isso vou. Vou danado pra Catende como disse Ascenso Ferreira. Vou pra casa de Tia Fátima. Vou almoçar com ela até mesmo “restodontê” – sobras de ontem. Mas isso é de somenos importância, porque o ato de almoçar é social e nada se compara ao prazer de dividir almoço com quem gostamos.
Por Carlos Sena
Vou almoçar com titia. Titia Fatima, mais precisamente. Uma titia verdadeiramente escolhida por mim, embora nem tenhamos idade de sermos tia ou sobrinho. Tia Fátima é uma tia por adoção. Ela também é minha sobrinha, pois sempre também me chama de “Titio”. Vou almoçar na casa dela. Nada especial, não fosse o fato de residirmos num lugar sem muito aconchego enquanto cidade. Por falta de aconchego a gente cria e foi nesse diâmetro que nos conhecemos “Tios e Tios” – não há sobrinhos nessa nossa relação, mas um sentimento de que “quem não tem família por perto cria uma”, no melhor sentido da palavra. Isto porque família é família e jamais seria substituída. Mas nós nos sentimos assim, meio família nesta terra de pouco riso, de poucos afagos e de muita cara feia quando era pra ser bonita e bonita quando era pra ser feia. Fico pensando que se Brasília não fosse feita e pensada em uma prancheta de arquiteto, talvez fosse mais solidária, mas amiga e mais feliz. Com a minha terra, Recife, é diferente. Quem melhor traduz o seu sentimento é o poeta alagoano Ledo Ivo: “amar mulheres, várias, amar cidades só uma: Recife”...
Mas bode bom não berra. Essa minha prosa não é um berro, nem um sinal de mal estar. É um sinal de que nós inventamos o amor de qualquer jeito. Porque Cazuza nos lembrava de que o amor se inventa e, nesse caso, parece nalguns momentos ser mais amor. Por isso vou. Vou danado pra Catende como disse Ascenso Ferreira. Vou pra casa de Tia Fátima. Vou almoçar com ela até mesmo “restodontê” – sobras de ontem. Mas isso é de somenos importância, porque o ato de almoçar é social e nada se compara ao prazer de dividir almoço com quem gostamos.