AMIZADE OPOSTA

Julieta de Souza

Sexta-feira. Noite de verão. Céu estrelado e um convite para a alegria.

Sento-me no bar com uma amiga. Na mesa ao lado, um homem fuma um cigarro enquanto conversa com seu notebook. Os dois, frente a frente, muito concentrados. Nós duas, totalmente descontraídas, lado a lado, entre casos, sorrisos e amizade.

O homem parece ter 41. Esbelto. Cabelo já grisalhos, semblante fechado, porém um rosto charmoso e atraente. A roupa estilosa denota um cara bem sucedido...

O notebook é muito avançado. Parece ter custado caro.

O homem na mesa ao lado navega... Nós duas continuamos atracadas no porto seguro da alegria mútua. Reconhecemos muitos amigos. Cumprimentamos vários. Os dois não enxergam ninguém... Cúmplices, permanecem num isolamento evidente! Pessoas entram e saem do bar... Os dois nem percebem...

Entre um cigarro e outro, ele pede uma bebida... come não sei o quê.... e permanece ali... conversando uma conversa séria com seu amigo fiel...

A música que toca nos inspira. Mãos, ombros e cabeças se mexem no mesmo ritmo.

A noite quase ao fim... Os dois ali, na mesa ao lado... Confidentes fiéis. Nós duas já somos seis. Outras amigas sentaram-se conosco... Em outra mesa, olhares se encontram com os nossos... Garotos simpáticos querendo nossos sorrisos...

Os dois ao lado perseveram numa conversa silenciosa... O homem grisalho, de cabeça baixa, fazendo confidências... Seu amigo notebook em postura de alerta, recebendo comandos... A música não lhes impressiona.

Nós somos seis a sorrir....O riso é demais pela piada contada... Eu me levanto para ir ao banheiro, pois não contenho a alegria... Percebo os quadros em exposição pelo bar... São belos!!! Artista conterrânea. Os dois ali ao lado, sentados, quase imóveis... Convido minhas amigas para apreciarem as obras expostas...

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Os dois na mesa numa contemplação mútua... Nem notam a nossa a alegria e exaltação. Num tom melancólico, agora ele com sobrancelhas franzidas... O notebook, com a mesma postura, parece não se cansar...

Convido as amigas para conhecerem o dono do bar... Apertos de mãos. Sorrisos. Troca de gentilezas. Conversa agradável.

O dia amanhece. Decidimos que é hora de ir. Cumprimentos. Beijinhos. Abraços. Promessas de novos encontros.

O homem na mesa com seu notebook agora mexe seus dedos. O rosto imóvel. Expressões ocultas. Os dois nem notam a nossa saída.

O homem com seu notebook permanece no bar numa conversa fiel com seu amigo em alerta!

Julieta de Souza
Enviado por Julieta de Souza em 14/04/2013
Código do texto: T4240164
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