Crônica de uma sala de aula (aproveitem: é a última do semestre letivo!)...

Vamos registrar aqui as frases mais importantes do semestre, aquelas que marcaram o segundo período e que qualquer um de nós consideraria sem a menor sombra de dúvidas como essenciais no aprendizado desses últimos quatro meses.

As tais frases e pérolas sempre prezam por algum valioso aspecto cultural, seja por apresentarem um linguajar diferenciado ou por um jeito de ser bem pessoal e característico de cada proseador em sua arte de comunicar-se. O fato, enfim, é que elas visavam primordialmente a comunicação interpessoal e a nossa aprendizagem.

Bom, não sei se por coincidência, mas várias dessas pérolas pertencem ao mestre Heitor. Vamos, portanto, iniciar com o registro de algumas de suas pérolas e nos sentirmos homenageados - colegas, professores e professoras desse 2º. semestre do curso de Letras - mesmo aqueles e aquelas que aqui não tiverem registradas as suas citações.

Faltou ao compilador e organizador das frases um pouco mais de organização e presteza na guarda desses tesouros da linguística prosaica e do prosaico saber universitário. Acrescento ainda que acabei não me lembrando ou desconsiderando na época o contexto da fala de algumas das pessoas citadas. Isso talvez faça com que venhamos a perder um pouco do sabor e do paladar dessas frases.

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Heitor Garcia:

- Isso aqui é igual jogo de bicho, vale o que tá escrito!

- De pequenino é que se torce o pepino!

- Ser professor é uma doença hereditária. Meu pai foi professor, minha tia foi professora. Eu também sou professor...

- A prova do pudim consiste em comê-lo.

- Num jogo de futebol, a bola é que tem que rolar. A gente não! (explicando a respeito do seu método de ensino e aprendizagem).

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Ana Virgínia entregando pra nós o resultado das resenhas:

- Thamires continua doente (dengue) ... O Paulo ainda tá dormindo... A Helena de Tróia também tá dormindo... Ufa!

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Gledes:

- Meu nome é Gledes, mas pode me chamar de Biela mesmo!

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Roniere Menezes:

- Isso é interessante... (frase repetida umas mil vezes durante o decorrer do semestre).

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Esta pérola foi plantada em sala de aula por alguém que eu não me lembro quem:

- Uma das premissas da fonologia com certeza é que às sextas feiras a professora Suelem tende a aumentar o timbre da sua voz...

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Diego Drumond:

- O primeiro emprego a gente nunca esquece!

(A gente sabe disso, prezado Dieguito. A gente sabe que a vida também sabe ser dura às vezes. Aliás, muitas vezes)

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Ana Virgínia:

- Meu pai gosta de uns goró!

Resposta imediata da Gledes:

- Opa, esse é dos meus...

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Seminário do James sobre representação, imaginário etc.

O Vanderci tira da cartola algum tema relacionado aos muçulmanos, algo que tinha a ver com o fato de que aos muçulmanos ficava reservada a possibilidade (muito saborosa e prazerosa, aliás) de obterem 70 virgens após cometerem algum ato de desatino que viesse a lhes tirar a vida.

Então o Zé Henrique - olhar vago e pensativo! - meio que reflete e pergunta, inconscientemente, pra todos nós:

- E se fosse uma mulher terrorista, ela também teria direito aos mesmos 70 homens virgens...!? Sim, acho que teria...

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A Juliana comentava algo a respeito de verbos que não se usam muito na atualidade.

Aí o Zé Henrique se lembrou deste:

- Frigir dos ovos, fessora... Frigir dos ovos é um bom exemplo!

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Seguem abaixo uma série de pérolas ocorridas durante as aulas da futura doutora Suelem Érica.

A Suelem usando a Isabela como exemplo em sala de aula:

- A Isabela com certeza nasaliza camada. Para ela deve ser kã – ma – da. Mas então, pessoal, quem não nasaliza camada fala camada mesmo!

(É que em todas as aulas e exemplo a Isabela sempre dava um jeito de cassar “encrenca” com a professora, utilizando um tipo de pronúncia diferente. Acho que na verdade isso acontecia por causa do amor “demais” que ela nutria pela nossa mestra.)

Outra da Suelem:

- As palavras que nasalizam vão receber a “marca”. Tipo: tã-to.

Ela estava se referido à marca da nasalização. Mas como eu estava meio avoado naquele momento, olhei pro Paulo e perguntei:

- Que droga de marca é essa, Paulo? Será a tal marca do Diabo? A marca do anticristo?

O Paulo não disse nada. Deu apenas uma risada.

Mais uma da Suelem. Ela encheu o peito e soltou essa:

- Mas ela (provavelmente se referindo à “bendita” Isabela de novo) com certeza nasaliza o cu de cúmulo também.

Todo mundo deu risada.

A penúltima da Suelem. E essa traz o Júlio no meio.

Depois que se usou a palavra “vinho” em um exemplo, o Júlio fez ao vivo e a cores a seguinte declaração:

- Ô Suelem: aquele símbolo fonético que representa o NH me lembra o lula molusco, o amigo do Bob Esponja. O quê que ocês acham da gente batizar ele de lula molusco?

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A última pérola. Essa aconteceu com a própria Suelem.

A Suelem tentava explicar os alofones para a turma:

- “R” retroflexo, por exemplo, é o “R” caipira...

- Ahm? (me lembrei imediatamente de uma aula com a professora Rosane em que apresentáramos um trabalho sobre os dialetos brasileiros e na qual havia ouvido falar pela primeira vez num tal de “preconceito linguístico”.

A Suelem percebeu rapidinho a sua “bola fora”. Mas não deixou por menos - se agarrou nas rédeas do cavalo e prosseguiu:

- Não, não é preconceito não, turma...!

Eu e o Paulo olhamos na mesma hora na direção dela.

Mas ela repetiu:

- Não é preconceito não - aí parou, refletiu, pensou um pouquinho melhor e concluiu - Tá bom: vamos chamá-lo então de R “interiorano”!

Ficamos satisfeitos.

E ela então continuou a aula:

- Mas isso tudo mostra o quê, turma? Isso tudo mostra a alofonia, isso mostra que os sons tendem a “flutuar”...

E a gente flutuava junto com os sons e as aulas dela...

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Quem tiver mais alguma frase ou pérola dita (melhor dizendo: “ensinada”) pelos nossos mestres ou colegas e se lembrar dela, passa pra gente, vai!

Boas férias a todos.