Literatura, História e os Movimentos Sociais na República Brasileira

Quando analisamos o processo histórico do Brasil, notamos os graves problemas com relação à própria estruturação deste belo país que é marcado por momentos de dor, tortura, exílio, medo, mortes. Na identidade nacional podemos encontrar o ranço negativo que contribuiu para a formação e estruturação do Brasil de hoje.

Os graves problemas existentes resultaram em inúmeros movimentos sociais, movimentos guiados por teóricos oriundos do marxismo, sejam eles vinculados ao espaço urbano ou rural. Tais movimentos, quando se referem ao espaço urbano possuíam um leque amplo de temáticas como, por exemplo, as lutas por creches, por escola pública, por moradia, transporte, saúde, saneamento básico etc. Quanto ao espaço rural, a diversidade de temáticas expressou-se nos movimentos de bóias-frias (das regiões cafeeiras, citricultoras e canavieiras, principalmente), de posseiros, sem-terra, arrendatários e pequenos proprietários.

Cada um dos movimentos possuía uma reivindicação específica, no entanto, “todos” expressavam as contradições econômicas e sociais presentes na sociedade brasileira.

No século XXI nos deparamos com alguns movimentos que ainda mantém uma influência importante nos meios sociais como: Movimento Estudantil, Movimento Feminista, Movimento Hippie, Fórum Social Mundial – FSM, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST.

Os seguidores destes movimentos de forma coletiva lutam para eliminar as mazelas presente na nossa nação (violência, má distribuição de renda, por exemplo), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promove uma ação coletiva que denunciam a concentração de terra, ao mesmo tempo em que apontam propostas para a geração de empregos no campo.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) também vem com uma ação coletiva que denunciam o arrocho salarial (greve de professores e de operários de indústrias automobilísticas); o Fórum Social Mundial (FSM) traz uma ação coletiva que denuncia a depredação ambiental e a poluição dos rios e oceanos (lixo doméstico, acidentes com navios petroleiros, lixo industrial) pautando na preservação do nosso meio ambiente.

Os Movimentos Estudantis, Feministas e Hippies também estão engajados em uma ação coletiva onde buscam defender os seus direitos enquanto cidadãos desta nação Brasil. Promovendo reivindicações por educação, moradia, liberdade, democracia, igualdade, respeito, etc.

Na obra de Cléria Botêlho A Arte Silenciosa do Movimento dos Sem-Terra compreendemos que os indivíduos destes movimentos sociais tornam-se “amantes” da sua ideologia, ou melhor, sendo eles o corpo onde habita a alma, a essência do seu discurso libertador.

Botêlho nos faz ver estes movimentos de um ângulo totalmente contrários a mídia e a outros órgãos que apresentam de forma distorcida estes movimentos sociais, apontado os mesmo como grupos compostos por vândalos, etc.

Na realidade quando estudamos os diversos movimentos existentes no Brasil, “notamos que os membros dos mesmos de forma organizada buscam difundir as suas ideologias”.

O discurso é uma das formas mais precisas que os mesmos utilizam para engendra a sua mensagem, seja ela discursada para um grupo maior de indivíduo, ou narrada como falas presente no cotidiano.

Esta ideia nos faz remete ao poder da oralidade, um instrumento utilizado pelos africanos que objetivam através da mesma, manter a sua história viva, em um contexto onde os griots, os anciões detentores das histórias transmitem a mesma para seu povo. “O mesmo ocorre, nos diversos movimentos sociais”, os líderes dos movimentos ou adeptos veteranos, utilizam da narrativa poética para transmitir a mensagem, eternizando uma história dentro de uma linguagem simples e acessível para os seus membros.

A narrativa poética é um elemento de grande importância para os membros dos inúmeros movimentos sociais que historicamente narram a sua individualidade e ao mesmo tempo eternizam os fatos coletivos de forma coerente e realmente vivida.

O filme “Cabra Marcado Para Morrer” nos remete a temática aqui transcrita, pois a obra cinematográfica de forma simples traz um discurso pregado por grupos sociais que são marginalizados, cabras que são marcados para morrer pelo sistema, porém indivíduos que bravamente lutam diariamente pela sobrevivência.

Assim percebemos que a arte de expressar os momentos através dos poemas, pauta-se na luta, na emoção, no imaginário, nos ritos, nos mitos, fatores fundamentais para perpetuar um ideal coletivo.

O mito da conquista, da liberdade, é o que mantém a alma deste “povo” viva, como afirma Platão “os mitos mantém os homens vivos”.

Problematicamente notamos ao longo da análise do Brasil que simbolicamente “os adeptos dos vários movimentos sociais, não existem sem a sua ideologia”; essência do movimento simplesmente engendra a vida que os impulsiona na luta diária, o contexto onde se vive é exclusivamente o seu lutar de memória história.

Como muito bem trabalha o filme cubano Morango Chocolate a expressão artística é um dos recursos que de forma silenciosa mantém vivo o ideal seja ele coletivo ou individual. A análise dos movimentos sociais no Brasil nos faz remeter ao filme, pois notamos que no “silêncio” os diversos movimentos sociais solidificaram as suas ideologias através da oralidade, fecundando o amor pelo ideal pregado, o desejo por justiça, a concretização do “campo de batalha” como o lugar de memória história e o anseio por igualdade social.

Dhiogo J Caetano
Enviado por Dhiogo J Caetano em 13/04/2013
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