O jovem condenado contemplava a paisagem que as janelas facultavam observar. Tudo era muito lindo, porém, daqui a menos de trinta minutos, a natureza deslumbrante jamais voltaria a ser admirada pelos olhos dele.
O carrasco implacável perguntou se o sentenciado possuía alguma vontade derradeira. O jovem surpreendeu pedindo dez minutos de silêncio para realizar uma última reflexão.
A solicitação foi aprovada.
As pessoas presentes fizeram um profundo silêncio, o rapaz, sentado na cadeira da execução, fechou os olhos e começou a buscar algumas recordações.
Vivemos constantemente tentando agir como adultos, pulando as etapas que iniciam a jornada do ser humano, querendo antecipar as experiências as quais o tempo trará, mas, quando é necessário verificar a estrada percorrida, o pensamento faz uma viagem ao passado reencontrando a infância.
O rapaz condenado não fugiu dessa espécie de regra, pois começou a rememorar sua fase infantil alegre e movimentada.
Entre outras coisas, surgiu a imagem do campo de bola que, com sete anos, ele e os colegas visitavam depois da escolinha.
Os babas divertidos, a euforia do gol favorável, as piculas e as apostas testando quem corria mais...
Concluída a farra, eles desejavam um copo de água para aliviar a forte sede.
Quando alguém dava a água, não poderia haver outra bebida tão saborosa nem refrescante.
Logo depois ele recordou a primeira namorada.
Havia bastante ansiedade no encontro inicial. Ele pretendia fazer bonito, demonstrando que tinha certa experiência.
Os beijos, a língua quase sem movimentação, o encantamento que o envolvia, o perfume irresistível da mocinha sussurrando palavras carinhosas, o coração palpitante, os abraços...
Ah! Por que a vida não pára nesses instantes?
O jovem também pensou na mãezinha querida que já não habitava o planeta.
Será que ela o receberia no Céu?
Sentiu uma enorme emoção lembrando os bons conselhos de sua mãe, o sorriso meigo dela, o afeto insuperável...
O moço recordou uma prece que a mãe gostava de repetir.
_ Jamais deixe de conversar com Deus, meu filho!
As lágrimas começaram a cair enquanto ele dizia mentalmente cada frase da pequena oração que a mãe tanto lhe ensinou.
Parecia que ela estava ali, ao lado dele, repetindo as frases.
Era possível escutar a voz doce e fascinante.
No finalzinho da oração o carrasco interrompeu anunciando o término dos dez minutos.
Muito rápido o jovem percebeu o líquido letal invadindo as suas veias e um torpor dominando as idéias.
Ele já não pensava coisa alguma, mergulhando gradativamente numa sonolência crescente e definitiva.
Após a consumação da sentença, o rosto do rapaz permitia notar o esboço de um leve sorriso expressando a paz daqueles minutos finais.
Antes de abandonar a existência, o jovem recordou momentos nos quais conseguiu aproveitar a vida, a dádiva sublime infelizmente desperdiçada quando nós preferimos valorizar a ambição, afobação, incompreensão, presunção, violência e outras bobagens.
Um abraço!
O carrasco implacável perguntou se o sentenciado possuía alguma vontade derradeira. O jovem surpreendeu pedindo dez minutos de silêncio para realizar uma última reflexão.
A solicitação foi aprovada.
As pessoas presentes fizeram um profundo silêncio, o rapaz, sentado na cadeira da execução, fechou os olhos e começou a buscar algumas recordações.
Vivemos constantemente tentando agir como adultos, pulando as etapas que iniciam a jornada do ser humano, querendo antecipar as experiências as quais o tempo trará, mas, quando é necessário verificar a estrada percorrida, o pensamento faz uma viagem ao passado reencontrando a infância.
O rapaz condenado não fugiu dessa espécie de regra, pois começou a rememorar sua fase infantil alegre e movimentada.
Entre outras coisas, surgiu a imagem do campo de bola que, com sete anos, ele e os colegas visitavam depois da escolinha.
Os babas divertidos, a euforia do gol favorável, as piculas e as apostas testando quem corria mais...
Concluída a farra, eles desejavam um copo de água para aliviar a forte sede.
Quando alguém dava a água, não poderia haver outra bebida tão saborosa nem refrescante.
Logo depois ele recordou a primeira namorada.
Havia bastante ansiedade no encontro inicial. Ele pretendia fazer bonito, demonstrando que tinha certa experiência.
Os beijos, a língua quase sem movimentação, o encantamento que o envolvia, o perfume irresistível da mocinha sussurrando palavras carinhosas, o coração palpitante, os abraços...
Ah! Por que a vida não pára nesses instantes?
O jovem também pensou na mãezinha querida que já não habitava o planeta.
Será que ela o receberia no Céu?
Sentiu uma enorme emoção lembrando os bons conselhos de sua mãe, o sorriso meigo dela, o afeto insuperável...
O moço recordou uma prece que a mãe gostava de repetir.
_ Jamais deixe de conversar com Deus, meu filho!
As lágrimas começaram a cair enquanto ele dizia mentalmente cada frase da pequena oração que a mãe tanto lhe ensinou.
Parecia que ela estava ali, ao lado dele, repetindo as frases.
Era possível escutar a voz doce e fascinante.
No finalzinho da oração o carrasco interrompeu anunciando o término dos dez minutos.
Muito rápido o jovem percebeu o líquido letal invadindo as suas veias e um torpor dominando as idéias.
Ele já não pensava coisa alguma, mergulhando gradativamente numa sonolência crescente e definitiva.
Após a consumação da sentença, o rosto do rapaz permitia notar o esboço de um leve sorriso expressando a paz daqueles minutos finais.
Antes de abandonar a existência, o jovem recordou momentos nos quais conseguiu aproveitar a vida, a dádiva sublime infelizmente desperdiçada quando nós preferimos valorizar a ambição, afobação, incompreensão, presunção, violência e outras bobagens.
Um abraço!