Uma loira com 286 anos
Depois dos claustros franciscanos, cheguei a Fortaleza no início dos anos 1950, e já contei como tudo aconteceu em outras crônicas. Naquele tempo, Fortaleza era um tremendo barato! Uma cidade tranquila; uma cidade amável; uma cidade romântica; boa de se namorar; boa de se viver.
A Praça do Ferreira, vivendo seus dias de glória, era o local preferido dos fortalezenses. Tudo começava e terminava no pé da velha coluna da hora, inconfundível cartão-postal da cidade, destruída e substituída, ainda não consegui entender, por outra bem feinha.
A Praça do Ferreira da "esquina do pecado"! Em frente ao cinema São Luiz, por volta das quatro, cinco da tarde, a rapaziada se reunia para ver, querem saber o quê? Um vento maroto, irreverente, malandro, que soprava à tardinha, levantar a saia das meninas que, depois das aulas, por lá passavam, todas fardadinhas. Era uma festa!
Fui um dos frequentadores da famosa esquina formada pelo encontro de duas importantes ruas que desembocam na Praça do Ferreira: a Guilherme Rocha e a Major Facundo.
Na Aldeota, moravam os ricos da cidade. Famílias tradicionais e endinheiradas residiam em elegantes mansões, distantes, claro, da realidade da capital cearense, com uma considerável classe média vivendo exprimida entre uns poucos apatacados e milhares que nada tinham.
Era um luxo morar na Aldeota.
Mas a vida em outros bairros mais modestos como, por exemplo, Jacarecanga, Otávio Bonfim, Benfica, Monte Castelo, Carlito Pamplona, Montese, Pirambu, São Gerardo, Conrado Cabral era saudável e muito alegre. Tive algumas namoradas em alguns deles!
***
Fortaleza nasceu às margens de um rio, o Pajeú. Fundada em 13 de abril de 1726. Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção comemora, hoje, 13 de abril de 2013, 286 anos.
No seu aniversário, quero parabenizá-la, mas de uma maneira um tanto diferente, ou seja, homenageando um dos seus mais sagrados símbolos, assim o considero: o Liceu do Ceará, do qual fui aluno na década de 50.
Apesar das alterações administrativas e curriculares ditadas pelo tempo e ao longo dele, o sempre respeitado Liceu, criado oficialmente em 15 de julho de 1844, continua sendo a cara de Fortaleza.
As dezenas de bons colégios que foram construídos em toda a capital, não o fizeram perder a sua tradição e não lhe roubaram a identidade e o prestígio. Pela sua gloriosa história e marcante trajetória, não há um só fortalezense que lhe não tire o chapéu.
Pelos seus bancos passou mais de uma dezena de cearenses ilustres. Cito alguns: o Jurista Clóvis Beviláqua, o Maestro Eleazar de Carvalho, o educador Farias Brito, o poeta Juvenal Galeno, o Poeta Filgueiras Lima, e o saudoso jornalista - talvez o mais famoso e o mais temido que o Ceará conheceu - o Doutor Jáder de Carvalho, meu vizinho, quando morei na Agapito dos Santos, no bairro de Jacarecanga.
Diante, pois da foto do centenário Liceu, que ilustra esta página, daqui da Bahia, abraço minha querida Fortaleza, a cidade natal de José de Alencar, Gustavo Barroso e Rachel de Queiroz. E que, um dia, num feliz soneto, foi batizada de Loira desposada do Sol, pelo poeta Paula Ney.
Fortaleza, a aniversariante, uma loira com 287 anos de idade! Mas, cada vez mais renovada, acolhedora, vigorosa, vibrante e valorosa.
Não é por acaso que adota, como seu lema, a palavra latina Fortitudine (força, valor, coragem), presente no seu Brasão.
Nota - Foto encontrada no Google.
Depois dos claustros franciscanos, cheguei a Fortaleza no início dos anos 1950, e já contei como tudo aconteceu em outras crônicas. Naquele tempo, Fortaleza era um tremendo barato! Uma cidade tranquila; uma cidade amável; uma cidade romântica; boa de se namorar; boa de se viver.
A Praça do Ferreira, vivendo seus dias de glória, era o local preferido dos fortalezenses. Tudo começava e terminava no pé da velha coluna da hora, inconfundível cartão-postal da cidade, destruída e substituída, ainda não consegui entender, por outra bem feinha.
A Praça do Ferreira da "esquina do pecado"! Em frente ao cinema São Luiz, por volta das quatro, cinco da tarde, a rapaziada se reunia para ver, querem saber o quê? Um vento maroto, irreverente, malandro, que soprava à tardinha, levantar a saia das meninas que, depois das aulas, por lá passavam, todas fardadinhas. Era uma festa!
Fui um dos frequentadores da famosa esquina formada pelo encontro de duas importantes ruas que desembocam na Praça do Ferreira: a Guilherme Rocha e a Major Facundo.
Na Aldeota, moravam os ricos da cidade. Famílias tradicionais e endinheiradas residiam em elegantes mansões, distantes, claro, da realidade da capital cearense, com uma considerável classe média vivendo exprimida entre uns poucos apatacados e milhares que nada tinham.
Era um luxo morar na Aldeota.
Mas a vida em outros bairros mais modestos como, por exemplo, Jacarecanga, Otávio Bonfim, Benfica, Monte Castelo, Carlito Pamplona, Montese, Pirambu, São Gerardo, Conrado Cabral era saudável e muito alegre. Tive algumas namoradas em alguns deles!
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Fortaleza nasceu às margens de um rio, o Pajeú. Fundada em 13 de abril de 1726. Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção comemora, hoje, 13 de abril de 2013, 286 anos.
No seu aniversário, quero parabenizá-la, mas de uma maneira um tanto diferente, ou seja, homenageando um dos seus mais sagrados símbolos, assim o considero: o Liceu do Ceará, do qual fui aluno na década de 50.
Apesar das alterações administrativas e curriculares ditadas pelo tempo e ao longo dele, o sempre respeitado Liceu, criado oficialmente em 15 de julho de 1844, continua sendo a cara de Fortaleza.
As dezenas de bons colégios que foram construídos em toda a capital, não o fizeram perder a sua tradição e não lhe roubaram a identidade e o prestígio. Pela sua gloriosa história e marcante trajetória, não há um só fortalezense que lhe não tire o chapéu.
Pelos seus bancos passou mais de uma dezena de cearenses ilustres. Cito alguns: o Jurista Clóvis Beviláqua, o Maestro Eleazar de Carvalho, o educador Farias Brito, o poeta Juvenal Galeno, o Poeta Filgueiras Lima, e o saudoso jornalista - talvez o mais famoso e o mais temido que o Ceará conheceu - o Doutor Jáder de Carvalho, meu vizinho, quando morei na Agapito dos Santos, no bairro de Jacarecanga.
Diante, pois da foto do centenário Liceu, que ilustra esta página, daqui da Bahia, abraço minha querida Fortaleza, a cidade natal de José de Alencar, Gustavo Barroso e Rachel de Queiroz. E que, um dia, num feliz soneto, foi batizada de Loira desposada do Sol, pelo poeta Paula Ney.
Fortaleza, a aniversariante, uma loira com 287 anos de idade! Mas, cada vez mais renovada, acolhedora, vigorosa, vibrante e valorosa.
Não é por acaso que adota, como seu lema, a palavra latina Fortitudine (força, valor, coragem), presente no seu Brasão.
Nota - Foto encontrada no Google.