SEXO EM CAIXINHAS...
Por Carlos Sena


 
Se sexo fosse tão bom não se fazia, já nascia pronto. Da mesma forma, se o mundo fosse bom o dono morava nele! O                 que contraria tudo isso é que sexo se viesse pronto não prestaria. Por outro lado, Deus não morando no mundo que ele fez é controvertido. Nesse contexto, duas coisas ficam patentes: sexo e deus. De certa forma, para muitas pessoas sexo é um verdadeiro “deus”, enquanto pra outras, principalmente para as que se dizem ateus, “deus” é um orgasmo só comparado ao sexo. Dito diferente: sexo tem que ser feito, mas deus não existindo pra uns, passa a existir no prazer tipo sexo. Particularmente, adoro o sexo que se faz! Pode ser que um dia ele seja vendido em caixinhas, mas por enquanto isso é sonho. Não meu, nem seu, acredito. Mas de muitos que se entregaram a sociedade de consumo como se o capitalismo comprasse até a salvação da alma. Para a salvação da alma as igrejas servem e disso não temos dúvidas. A dúvida que temos é se depois de mortas as pessoas serão salvas. Primeiro porque elas não nos dizem isso quando morrem. Se nos dissessem não teriam morrido e nisso a fonte da retórica se estabelece. Por isso, prefiro o sexo feitinho – ali, ao alcance das nossas mãos, dos nossos sentidos. Por outro lado, Deus com “D” maiúsculo não deve mesmo morar aqui na terra, senão não seria Deus. Da mesma forma que Ele não castiga ninguém, nem faz medo às criancinhas, quando os pais ameaçam dizer um mal feito delas ao “papai do céu”... Que céu? O da boca. Que boca? A da noite.
Nessa onda do “SE”, tudo fica muito condicional. SE o mundo fosse bom o dono morava nele; se sexo fosse tão bom se vendia pronto em caixinhas. Enquanto o sexo não entra na bancada da “fábrica” a gente fica “encaixotando”, literalmente o bedelho na gruta da imaginação fértil que Deus nos deu. Fato é que SE minha mãe fosse nova eu não comprava bicicleta, vivia escanchado nela; se a vida fosse tão dura rapadura não seria mole; SE olho grande fosse sinal de vencer na vida, sapo não vivia na lama; SE caminhar fosse tão bom quanto dizem o carteiro não morria nunca, seria enviado pro céu num envelope registrado com A.R.