PROSTITUIÇÃO INFANTIL!
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“COMO A CRIANÇA ENTROU DENTRO DE MINHA BARRIGA?”
Um grande e grave problema social e mundial é a prostituição infantil. Defendo a presença de assistente social nas escolas como uma das ferramentas para combater esse mal! Os antigos “administradores e inspetores escolares (bedéus) que também atendiam a esses problemas, hoje, sozinhos, não conseguem mais fazê-lo porque a situação se tornou tão complexa e cheia de componentes antropológicos, históricos e culturais que não pertencem mais só à educação que passa a exigir um profissional da área da assistência social para resolvê-los porque recebem todo esse conhecimento técnico, científico e profissional para lidar com o problema.
Hoje, crianças e adolescentes representam 40% das pessoas que dão entrada na Maternidade Ana Braga para realizar o parto e isso é preocupante. Em e-mail recebido do Japão, onde o brasileiro Cláudio Viana, já reside a alguns anos, a propósito de comentário à crônica “O SOCIAL, O NECESSÁRIO E O RIDÍCULO”, informou que crianças de 8 a 14 anos vivem se prostituindo em rodovias, estacionamentos de caminhoneiros em postos de gasolina e, no Maranhão, os próprios pais aliciam as crianças aos clientes e com eles passam noites e até semanas em troca do dinheiro, informação confirmada em reportagem do Jornal Nacional essa semana. E ele tem toda razão. E o Governo ainda anuncia que a pobreza e a miséria extrema não existem mais!! Como, não, se os pais das crianças ainda precisam trocar o sexo de suas filhas para obter algum dinheiro? Esse também é um sinal de pobreza extrema. Ou é a pura e simples falta de uma educação voltada à cidadania? Pode ser uma coisa só ou as duas juntas
A propósito do assunto, em Manaus, o programa “Bom dia Amazônia”, apresentado pela Rede Amazônica de Televisão, noticiou com preocupação a gravidez e parto de uma criança de 10 anos, chamada apenas de Camila, que teria feito sexo uma vez e ficado grávida. O pai da menina informou à reportagem que a família passou a sofrer preconceitos em delegacias, maternidades e também na escola em que a adolescente estudava, acusando os pais que trabalham fora, de terem sido os responsáveis e culpados na gravidez da criança. Contudo, por traz da gravidez de crianças e adolescentes, existem outros componentes a serem lidos em todo o complexo processo, que exige a presença de equipes multidisciplinares para resolvê-los, incluindo assistente social, médico e psicólogo, no mínimo!
Mas esse não é um problema restrito ao de Manaus. Em todas as cidades mais pobres do Brasil, com maior ou menor intensidade, a prostituição de crianças e adolescentes continua acontecendo, apesar dos esforços do Governo Federal para combatê-la. Crianças se prostituindo a luz do dia, desfilando entre carros de lado para outro, se oferecendo por um, dois ou qualquer pouco dinheiro. Esse problema social, estrutural, educacional do Brasil pouco tem a ver com questões familiares porque os pais precisam sair para trabalhar e suas crianças ficam nas ruas, sozinhas e disponíveis aos pedófilos! É também uma questão moral, que depende de se reconhecer o problema para depois se enfrentá-lo com novas estratégias de combate.
Ninguém enfrenta algum problema se não o vê com estranheza antes, sempre dizia aos alunos de pesquisa na Faculdade, e explicava: “por menor que eles pareçam, existem valores intrínsecos e extrínsecos que precisam ser conhecidos primeiro, ou seja, valores morais, antropológicos, sociais, psicológicos, pedagógicos e, principalmente, valor de cidadania que falta às crianças de hoje” o que não é mais ensinado nas escolas porque foram retiradas as disciplinas de Organização Social e Política do Brasil e Moral e Cívica e substituídas pela “transversalidade” que muitos educadores não a entenderam direito o que venha a ser essa tal de “transversalidade”. “Transversalidade” é levar para dentro da sala de aula e discutir com os alunos, assuntos que estão acontecendo na sociedade e no entorno da escola, como tráfico e uso de drogas pelos alunos, prostituição infantil, violência etc. Mas o ensino da sexualidade precisa ser encarado como uma atitude madura e responsável pelos pais, porque muitos se recusam a entender que isso é um dos componentes da “transversalidade” e não pode ser ignorado.
Quando era estagiário de Serviço Social em 1993/94, somente aos sábados e domingos, no Hospital 28 de agosto, em Manaus, conversei com uma criança de 12 anos, diagnosticada com gravidez adolescente e de risco, que me perguntou: “Como foi que essa criança entrou em minha barriga, eu pensei que era uma sementinha que era colocada dentro da gente, ela se desenvolveria no nosso útero, se transformando em uma criança!”. Fiquei sério e expliquei à garota grávida que ela deveria ter tido alguma relação sexual sem camisinha! Lembrou que sim e voltou a dizer-me: “tive uma transa com meu primo mas só uma vez sem camisinha, mas não imaginava que só com uma vez, eu ficaria grávida”.
Mas ficou e se transformou apenas em mais um problema social ou mais uma simples estatística para o Serviço Social, que costuma pesquisar, quantificar e identificar esse tipo de caso! Mas não passa disso. As fichas sociais que tanto trabalho dá aos Assistentes Sociais não servem para nada, porque quando transformadas em estatísticas, não servem nem mesmo para orientar planejamento de saúde ou de enfrentamento prévio de gravidez precoce!