ÀS VEZES QUEREMOS
Às vezes queremos tantas coisas e acabamos nem sempre conseguindo. E sempre colocamos metas em nossas vidas, nem sempre conseguimos alcançar. Uma das minhas metas para este ano de dois mil e sete seria escrever mais, mas ainda na entrei no ritmo.
Escrever mais significa dedicar-me mais a observar; dedicar-me mais a criar. E ser criativo não é, creio eu, o problema. O problema maior – no meu caso – está sendo o tempo. Sou um cara meio chato comigo mesmo, pois gosto tudo nos mínimos detalhes. Pra você, caro leitor – que descobri outro dia que já são onze, e não mais dez – sou tão chato que os meus filhos, que os meus alunos dizem que já passei dos limites. E passei mesmo, eu acho: carimbo os cadernos dos ‘marmanjos’ de oitava série – e ai deles se o caderno estiver incompleto!
Temos tanto o que falar – e por vários prismas. Sabe aquela que o sol nasceu para todos, mas cada um o vê de um jeito, assim são os assuntos e os espaços para escrever. Eu, principalmente quando não tenho o que fazer, gosto de escrever sobre as mulheres, melhor, sobre o meu olhar sobre as mulheres. E lembro sempre que ‘gosto de loira gelada e de morena quente’!
Às vezes queremos tanto e fazemos tão pouco! Falamos tanto sobre políticos, mas o que fazemos sobre política? E continua a politicagem, como disse Rui Barbosa há tantos anos atrás. Ou, ainda, exemplificando: ‘...errar não é humano, depende de quem erra, esperamos pela vida, vivemos só de guerra’ (adoro na voz de Renato Russo e Biquíni Cavadão, em ‘Múmias’). E ainda hoje continua a polêmica e ninguém faz nada.
Outros dizem que querer é poder. Será? Quero tantas coisas, mas não posso. Outros também querem, mas não podem. Ou ainda: queremos tantas coisas, mas nem sempre ‘as coisas’ podem ser nos dada, não é mesmo? (E aqui fica a imaginação de cada um a funcionar... – se você imaginou alguma coisa, escreva-me e quem sabe pode dar outra crônica.) E, se você ainda não sabe, o cronista – o croniqueiro, no meu caso – vive de pegar coisinhas aqui, coisinhas ali e passar para o papel. É a ‘minha visão de mundo’, é o meu jeito de ‘olhar o sol’.
Outra vez, às vezes quero escrever mais, tenho que criar mais tempo para isso. Tenho que me policiar. Pôr em prática esta arte: dosar o tempo e não solicitar que aumente o dia para trinta e seis horas. Por hoje é só e faço ponto aqui.
23 de março de 2007.