ESTOU COM UM PÉ ATRÁS

Estou com um pé atrás. Não é o pé direito, também não é o pé esquerdo, porque na realidade não são meus pés que estão um atrás do outro. Embora quando eu caminho, eles ficam. Um, dois, um na frente, dois atrás. Sem querer despertar malícia, como irão ficar os dois atrás? Ah! O um, dois é a sequência dos meus passos! Que nada tem a ver com o meu pé atrás. Atrás de que, afinal? Da volta da honestidade, do fim da impunidade, do direito à igualdade? Até rimou e se eu seguir nesta linha vou desfraldar os princípios da Revolução Francesa. Até que é bom relembrá-los, embora, naquela época, não existissem fraldas, pelo menos as descartáveis. Então, como eles desfraldavam? Aliás, descartável é coisa da dita modernidade, que "joga fora no lixo" os direitos elementares do cidadão à saúde, à moradia, à educação, à segurança. Pelo menos no Brasil que só não descarta as múmias que se perpetuam nos cargos públicos, não descarta a impunidade e nem as cuecas, que estas estão em alta no mercado. E se eu estou com um pé atrás, é óbvio que é o pé de algum dos meus neurônios. Se é que neurônio tem pé. Acho até que todos eles estão com um pezinho atrás, porque eles não usam a divisão do trabalho. Eles trabalham em equipe e, com certeza, o primeiro que ficou com um pé atrás passou a informação para o vizinho e assim sucessivamente. E como eles são eu (?) ou eu sou eles, certamente estou com um pé atrás. Eles são eu? Que concordância estranha! Acho que não é só meu pé que está atrás, meus neurônios também...

Giustina
Enviado por Giustina em 11/04/2013
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