De nada, às ordens
Passei por uma situação estranha no ônibus hoje. Curiosamente, tem me ocorrido situações dignas de boas reflexões nesses últimos tempos. Bem, ao caso: estava eu no meu rotineiro e atrasado deslocamento até a aula, realizado em um ônibus cheio que o motorista temperava com mais pessoas, usando a famosa frase "dá um passinho pro lado". Entre as pessoas sentadas, eu vi uma mulher que estava chorando.
Não sei a razão, eu era apenas um espectador daquela cena. Decididamente, algo ocorrera a ela, e de alguma forma, a monotonia harmônica do ônibus fora quebrada, o que curiosamente as pessoas pareciam não fazer muito caso. Bem, por alguma razão, eu fiz caso disso, achei justo dizer a ela as seguintes palavras: "Tenta tirar algo de bom disso". Não, não parei pra pensar se tinha sentido, se era banal, se ela simplesmente estava ouvindo uma música emocionante, pensei apenas que eu podia fazer o mínimo: dar um conselho.
Não me pergunto se existe essa preocupação nas pessoas, eu sei que existe: está no ser humano querer ajudar. O que inibe essa natureza? Desaprendemos a ver o outro, desaprendemos a ver além da roda de segurança, das amizades e das certezas. Porque diabos eu não podia dizer "tente ver um lado bom" à mulher? Sim, era uma estranha, eu não sabia sequer porque ela chorava, mas bem, estava triste, não? Desde quando ficar triste é bom? Que ela tenha pensado a respeito, que tenha refletido nas palavras que um estranho disse, que algo mude no dia dela. Que isso não aconteça, que seja. Mas enfim, que algo se aprenda: não existe limite ao bem querer.