Oripê contra o gigante.
Muitas vezes encontrei índios iguais a mim.
Sou alto e desde cedo muito forte.
Além disso, sempre gostei de nadar e caçar.
Parece que não, mas é um exercício enorme.
Bem mesmo sendo assim, encontrei um mais forte que eu.
Tapiti estava barriguda e precisava comer muito.
Nem um pouquinho eu conseguia.
Com a seca o milho secou o rio um fio de água, os bichos desapareceram.
Sou um Tupi muito orgulhoso, nunca aceitei ajuda de ninguém.
Morremos de fome, mas ajuda não.
Enfim fazia três dias que eu andava para lá, para cá em busca de algum bicho para trazer para casa.
Já havia passado por montanhas e vales tudo seco.
O cansaço me dominou e dormi no chão seco e poeirento.
Pelo menos não corria perigo, pois qualquer bicho que viesse me deixaria feliz.
Mas todos foram embora.
Acho que Anhangá está feliz, pois tudo está morrendo.
Acordei tomando uma enorme pancada na cabeça.
Um Caeté, do tamanho de uma árvore resolveu fazer um jantar com minha carne.
Caetés comem carne de homem, mulher, criança, bicho, qualquer coisa.
Tem os dentes amolados e de ponta parece um jaguaretê.
Bem mas apanhei igual Curumim com pai e mãe bravos.
Quando ele parava um pouco, pois de bater também se cansa.
Mas mais cansado estava eu, ele batia e batia.
Chegou uma hora que pensei seria bom que ele me acertasse com sua borduna na cabeça aí eu descansaria.
Até minhas preocupações família água e comida não teriam mais importância.
Foi pensando nisso que ele me agarrou pelos cabelos e me abraçou parece que queria me quebrar ao meio.
Nessa hora meus braços estavam para baixo, presos sob os seus.
Vi de perto a cara do índio.
Parecia um demônio, fedia como tal.
Minha mão bateu em sua enorme faca que estava presa à sua cintura.
Embora parecesse vencido, não estava.
Só queria que ele tivesse essa impressão.
Saquei e enfiei a enorme lâmina em seu bucho fedido.
Como ele demorava a morrer enfiei várias vezes.
Caiu finalmente morto e com uma cara de espanto.
Peguei seu tacape e dei mais umas na cabeça dele.
Agora sim estava realmente.
Foi a minha vez, dancei, encima dele e cantei para ele, pois tinha que saber que ele mexeu com Oripê o Tupi mais bravo de toda Pindorama.
Feliz peguei suas armas que eram melhores que as minhas.
Seu arco era difícil de dobrar, só conseguia por ser muito forte.
Minha sorte havia mudado, perto dali achei uma anta que não agüentou a força das flechas do Caeté, digo de Oripê, pois agora eram minhas.
Com as coisas dele e as minhas, ainda tive que fazer um suporte de varas para levar a carne da Anta para casa.
O caminho de volta foi longo, mas estava tão feliz que nem as machucaduras nem o peso me incomodavam.
Quando avistei minha casa, vi Arauê que me procurava com os olhos.
Quis gritar, mas a vos não saiu e só acenei com a mão e caí ali no chão.
Quando acordei ao meu lado estava Tapiti, Arauê e alguns índios que curiosos queriam me ver morto.
Pedi comida e Tapiti chorando falou. -Não tem.
Desembrulhei a enorme anta e cortei rapidamente vários pedaços.
Entreguei á eles e disse comam com Oripê que está muito feliz.
Depois de todos estarem saciados me deixaram e minha índia a sós.
Ela chorava me agarrando e dizendo pensei que tinha morrido.
Não voltava mais.
Contei para ela minha aventura e vi que olhos curiosos me observavam a certa distancia.
A historia de minha briga com o Caeté ficou famosa e eu mais ainda.
Todos queriam pegar nas armas enormes do gigante comedor de gente.
Quem ouviu a história aumentou um pouquinho e logo o inimigo meu era maior que uma arvore de jacarandá.
A comida deu para poucos dias, pois tínhamos visitas a toda hora.
Mas eu consegui caçar até que as chuvas chegaram daí tudo ficou melhor.
Oripê Machado
Veneno de Cobra.
Muitas vezes encontrei índios iguais a mim.
Sou alto e desde cedo muito forte.
Além disso, sempre gostei de nadar e caçar.
Parece que não, mas é um exercício enorme.
Bem mesmo sendo assim, encontrei um mais forte que eu.
Tapiti estava barriguda e precisava comer muito.
Nem um pouquinho eu conseguia.
Com a seca o milho secou o rio um fio de água, os bichos desapareceram.
Sou um Tupi muito orgulhoso, nunca aceitei ajuda de ninguém.
Morremos de fome, mas ajuda não.
Enfim fazia três dias que eu andava para lá, para cá em busca de algum bicho para trazer para casa.
Já havia passado por montanhas e vales tudo seco.
O cansaço me dominou e dormi no chão seco e poeirento.
Pelo menos não corria perigo, pois qualquer bicho que viesse me deixaria feliz.
Mas todos foram embora.
Acho que Anhangá está feliz, pois tudo está morrendo.
Acordei tomando uma enorme pancada na cabeça.
Um Caeté, do tamanho de uma árvore resolveu fazer um jantar com minha carne.
Caetés comem carne de homem, mulher, criança, bicho, qualquer coisa.
Tem os dentes amolados e de ponta parece um jaguaretê.
Bem mas apanhei igual Curumim com pai e mãe bravos.
Quando ele parava um pouco, pois de bater também se cansa.
Mas mais cansado estava eu, ele batia e batia.
Chegou uma hora que pensei seria bom que ele me acertasse com sua borduna na cabeça aí eu descansaria.
Até minhas preocupações família água e comida não teriam mais importância.
Foi pensando nisso que ele me agarrou pelos cabelos e me abraçou parece que queria me quebrar ao meio.
Nessa hora meus braços estavam para baixo, presos sob os seus.
Vi de perto a cara do índio.
Parecia um demônio, fedia como tal.
Minha mão bateu em sua enorme faca que estava presa à sua cintura.
Embora parecesse vencido, não estava.
Só queria que ele tivesse essa impressão.
Saquei e enfiei a enorme lâmina em seu bucho fedido.
Como ele demorava a morrer enfiei várias vezes.
Caiu finalmente morto e com uma cara de espanto.
Peguei seu tacape e dei mais umas na cabeça dele.
Agora sim estava realmente.
Foi a minha vez, dancei, encima dele e cantei para ele, pois tinha que saber que ele mexeu com Oripê o Tupi mais bravo de toda Pindorama.
Feliz peguei suas armas que eram melhores que as minhas.
Seu arco era difícil de dobrar, só conseguia por ser muito forte.
Minha sorte havia mudado, perto dali achei uma anta que não agüentou a força das flechas do Caeté, digo de Oripê, pois agora eram minhas.
Com as coisas dele e as minhas, ainda tive que fazer um suporte de varas para levar a carne da Anta para casa.
O caminho de volta foi longo, mas estava tão feliz que nem as machucaduras nem o peso me incomodavam.
Quando avistei minha casa, vi Arauê que me procurava com os olhos.
Quis gritar, mas a vos não saiu e só acenei com a mão e caí ali no chão.
Quando acordei ao meu lado estava Tapiti, Arauê e alguns índios que curiosos queriam me ver morto.
Pedi comida e Tapiti chorando falou. -Não tem.
Desembrulhei a enorme anta e cortei rapidamente vários pedaços.
Entreguei á eles e disse comam com Oripê que está muito feliz.
Depois de todos estarem saciados me deixaram e minha índia a sós.
Ela chorava me agarrando e dizendo pensei que tinha morrido.
Não voltava mais.
Contei para ela minha aventura e vi que olhos curiosos me observavam a certa distancia.
A historia de minha briga com o Caeté ficou famosa e eu mais ainda.
Todos queriam pegar nas armas enormes do gigante comedor de gente.
Quem ouviu a história aumentou um pouquinho e logo o inimigo meu era maior que uma arvore de jacarandá.
A comida deu para poucos dias, pois tínhamos visitas a toda hora.
Mas eu consegui caçar até que as chuvas chegaram daí tudo ficou melhor.
Oripê Machado
Veneno de Cobra.