Paradoxo discursivo

Paradoxo discursivo

Choro; pranto; risos; gargalhadas.

Na verdade a mentira fala a verdade, se é que verdade há. O que acha perdeu e não percebeu que o que pensou não é achado. Arrumado é andrajo para o alheio, mas o limpo é um sujo que precisou se banhar. A sujeira é o luxo do consumo e a limpeza é o resultado da ação. Pra quê expor se tudo está implícito, ou está explícito e imposto? Acredita-se que é, mas não é o é e, sim, o sou.

Todo sim é um não omisso e, assim, toda palavra é um silêncio que precisa gritar. Organizar é mediocrizar e estabelecer um caminho, mas o bom é se perder, se achar, se perder e se perder e se achar e se perder (...). Um ser é um só e tantos, portanto, o tanto é nada e tudo. Deus não tem fé, todavia, o que tem cria deus. Deuses? A oração é uma repetição e o que ora, ora bolas, quer ressonância. Oi, oi, oi, oi; sou deus, deus, deus, deus. Mas a fé mais fé, é fezes. O remédio, talvez, seja um laxante. O céu é azul, mas pode ser marrom? Pode e deve. Forma forma fôrma. Calma, calma! Alma, pra que te quero?

Quem tem boca vai a Roma e fala demais, mas de menos é a resposta. Mas quem são os ouvidos? Ouve, ouva, ouça! Cogito! Penso, pensas, mas nada é por conseguinte. Boca fala, cuspe sai. Salvem deus e diabo e na cruz crucifiquem de encontro. Encontro marcado faz do tempo um empregado e do horário um patrão.

Está arrumado? Olhe de novo no espelho! A bagunça interna não se penteia. Nada tem Adan. Astuto é tudo, que tem de tudo e de nada; a vida tem eu e nós, mas vós não tem voz. Quem foi já ficou e não chegou. Além não é aquém. Confunda-se ou afunde-se fundando uma doutrina. Matei, vivei, mati, vivi! Não se nasce, se vem. Vem!

Desculpa é culpa sem des e dez é a nota de Néscio. Mas, está tudo certo! Um mais um é cem e sem noção vive sem nação. Nortear-se sem bússola em mar revolto, naufraga sempre em desertos. Portanto, logo não é ali; alhures. No mais, normais. Nós, nunca, é plural de eu. Eus, sim. Na vida tudo é sempre, está e permanece, mas nada continua; contínuo são todos. Encontro em contos tontos, tontos e poucos. Louco? Lúcido? Pedras é esdras.

Adeus, axé, evoé, amém.

Mário Paternostro