O amor não está a venda no mercado livre

Como seria se por acaso, fosse colocado à venda corações? Se tivéssemos com a necessidade de pegar emprestado um coração mais vivo e com menos decepções e fôssemos até o mercado livre, tal como uma feira, como um mercado público, comprar corações, como seria? Ou por Internet mesmo. Mas que garantia teríamos que o coração que fôssemos comprar é melhor que o nosso? Ou, que garantia teríamos se fôssemos procurar corações saudáveis e livres para amar? Assim, a pessoa coloca o coração no mercado livre, e se diz pronta pra se relacionar com alguém, com garantia, vale de viagens e momentos incríveis. Mas nunca temos garantia de nada, além da nossa ética de fidelidade quando ao nosso próprio coração que se diz pronto, outras vezes não pronto, para se entregar a alguém ou a coisa coisa.

Refere-se à quantidade de sonhos que tu carrega. Refere-se aos tombos que tu levou e não é como as pessoas, que qualquer machucado é suficiente pra desistir do coração e entregar ele de bandeja, ou primeira lata de lixo, ou o primeiro vão aberto do metrô, as pessoas banalizam o amor, como eterno, sendo que amor, amor, como diz uma amiga minha, amor acontece e dura o tempo que tem que durar. Vamos ser hipócritas se desistirmos do amor por tanta bobagem corriqueira do dia a dia. Sempre tem tempo pro amor, mesmo com o ônibus cheio, vai se lendo o poema do mês colado na janela de vidro, o amor está por toda parte; que pena dos distraídos, mas o amor se aproxima, até mesmo pr'queles que nunca iriam num mercado livre a procura de um coração, o amor é desobediente, vai embora quando quer e aparece sem que a gente espere ou até mesmo queira.

O amor é pra mim. Pra você. O amor é pr'queles que não venderiam seu coração no mercado livre a preço de tomate ou banana, o amor é pra esses poucos e clichês, é pra esses poucos que apanham e ainda assim, são tão fortes que sim, meu coração é inteiro, pronto pra se apaixonar, como já estou apaixonada. Se eu não acreditar no amor, o que seria da minha existência? Meus pais me fizeram com amor. Os seus também.

Feliciano que me perdoe (ou não), mas o amor está aí, heterossexuais, gays e todo tipo de amor. O nosso pão do dia a dia pode ser feito por um gay. Precisamos das pessoas e sobretudo, do amor que elas fazem as coisas, você depende do entregador de pizza e do encanador, ele pode por um cara gay, ou não, e nós dependemos do trabalho, do amor e da boa vontade dessas pessoas que são seres humanos acima da vida que costmam levar e são são vegetarianas ou não, se querem ter filhos ou não, independente da cor, crença, ou opção sexual. O amor move o mundo, de diferentes formas. Nós precisamos amar, sem a pretensão de que amor só é amor se for recíproco. Faça a sua parte.

Não temos garantia da validade dos produtos que levamos no nosso carrinho de compras do mercado, não temos garantia que a validade do cigarro e da cerveja é a mesma que diz na embalagem, não temos garantia de um futuro sem doenças e não temos garantia de muita coisa na vida, então, por pura ousadia, eu acho que, amor, e principalmente "amor livre" não deveria ser prejudicial a nenhuma pessoa, acho que, o amor é deveras fundamental. E a única garantia que temos, é que, se corações fossem vendidos no mercado livre, eu não venderia o meu, nem a preço de tomate, que dirá de banana, porquê, meus caros, meu coração não está a venda, e ele está limpo e amando devagar e urgentemente como nunca. E a garantia que tenho, é que seguro com força meu sentimento, por respeito e a velha ética por quem eu desejo e por mim mesma. A vontade de amar. E ser amado.

Se não houver espaço pro amor na sua vida, não há espaço pra nada. Lembre-se do que eu falei sobre os encanadores e entregadores de pizza. Carteiros e motoristas de ônibus. Gentileza gera gente folgada ou gentileza gera gentileza, mas se você agir com gentileza, você certamente irá estar em paz, porque o mundo também depende da sua boa vontade e não no pensar que se vai ter volta. Mas sempre tem, porque amor, queridos leitores, não está disponível somente nas horas vagas e de plantão, no horário de almoço e aos sábados, amor é livre, e não acaba, recomeça.

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