NAS INCERTEZAS DO QUASE (BVIW) - Mini crônica
Certamente tudo ficaria certo se ela tivesse certeza dos seus sentimentos por ele. Mas é certo que ela não tinha. A certeza tão desejada esbarrava sempre numa interminável fila de dúvidas, secundadas pela mutilação dos tantos valores em que ela fundamentava seu desejo de felicidade. Dizem que o amor é cego, mas ela não via apenas com o coração; ela era também razão e enxergava através dos olhos da mente. Nem tudo estava certo, disso ela tinha certeza. Porque ele era quase alcoólatra, quase vagabundo, quase analfabeto. Certo era que ele dizia beber socialmente, afirmava não ter sorte no trabalho e, apesar do doutorado que enfeitava seu currículo, era racista, homofóbico e machista. Nas incertezas do quase, ela teve certeza que esse quase certo não daria certo. E, na redundância desses pensamentos, deu um pontapé no quase e foi viver sua certeza plena em liberdade, até o dia em, quem sabe, encontraria o homem certo para sua vida.