Esposas

Ela chegou num sedan médio e parou na esquina em frente à pizzaria que eu trabalhava. Eu era o gerente e o dono era um amigo meu de muitos anos, colega de banco. Eu em Salvador, ele em Recife.

Na realidade eu não a reconheci, mas ele logo me diria quem era. Uma secretária na época em que nós trabalhávamos no banco. Mesmo casado, ele a pegava de vez em quando. Algum tempo depois, já noiva, ela continuava o caso com ele, talvez um pouco mais esporádico.

Eu me lembrei dela, uma morena bonita, de corpo esguio, bem torneada, muito atraente e alegre.

Tudo bem, até ai já havia se passado mais de sete anos, o banco já havia fechado e nós demitidos.

Viajei para Recife a fim de tentar novos rumos no mundo dos negócios com um resto de dinheiro que me sobrara. Deu tudo errado.

Ele havia aberto um restaurante/pizzaria e precisava de alguém de confiança para ver o que estava acontecendo de errado, pois as coisas não andavam bem no restaurante. Coisas de amigos.

Em pouco tempo, descobri que o gerente anterior estava roubando diariamente e colocando a culpa no chefe dos garçons.

Mas deixemos isso. O que importa é a garota na esquina.

- Pierre, ele me disse baixinho. Pra todo efeito estou viajando a negócios para Salvador, mas de fato estou indo passar o fim de semana com Natália em Fernando de Noronha. Confirme tudo se minha mulher fizer alguma pergunta durante a minha viagem. Tome conta de tudo e qualquer coisa séria me ligue.

Natália era a garota que havia casado com um advogado ainda quando o banco existia. Não sei se era o mesmo noivo corno, mas ela estava agora casada. E bem casada, segundo meu amigo. Qual a desculpa que ela deu ao marido para essa viagem, ele nunca me contou. Também nunca perguntei, pois não tive oportunidades nem interesse, afinal dizem que em Pernambuco todo corno é muito brabo.

Ele voltou na segunda feira à noite muito cansado da “viagem de negócios”. A mulher dele estava comigo no restaurante quando ele chegou e o tratou com o melhor carinho e dengo de uma esposa que gosta do marido.

Eu olhava a situação analiticamente, afinal eu era casado com uma morena bonita, alegre e sensual, como muitas baianas.

No outro dia ele me confidenciou as coisas que aconteceram em Fernando de Noronha. Só maravilhas!

Eram um casal de namorados passeando pelas praias de Noronha, viagens de barco etc... Uma pousada aconchegante acolhia-os à noite como ninho de apaixonados na hora dos prazeres da carne.

Mulher fogosa na cama, que relembrava todas as suas peripécias do seu passado com este homem. O maridão estava em viagem de negócios pelo que eu soube (Será?). Ela não tava nem ai para o assunto.

Meu amigo andava devendo muito aos fornecedores e pegava dinheiro com agiotas. Até eu, que tinha algum na poupança, cheguei a emprestar durante algum tempo.

Mas dinheiro não faltava para as aventuras. Ele disse que a Natália não o explorava. Ela trabalhava e também ajudava nas despesas quando saíam ou viajava.

Eu simplesmente ria quando ele me contava e o instigava para saber mais e mais. Queria saber até onde vai uma mulher casada, pois do homem eu já sabia, pois afinal eu já havia feito misérias na minha vida de casado no meu primeiro casamento.

Nunca contei a ninguém nada sobre isso. Mas hoje relembrei e deu vontade de escrever.

Nunca mais vi este amigo, pois voltei pra Salvador. Com a mesma esposa ainda.

Já fiz algumas viagens (verdadeiras) ela já andou viajando a trabalho (será?) mas estamos juntos até hoje. São dezessete anos juntos.

Se ela viajou de fato ou não, quem saberá? Mas pouco importa, pois o que se diz é que, “lavou enxugou, tá novo”! Pra que pensar? Conjecturar pra sofrer?

03/13