A multiplicação dos guarda-chuvas
Quem é de Minas já traz consigo, no DNA, algumas superstições que se tornam definitivas.Uma delas se aplica bem a crônica de hoje.
No que diz respeito ao período chuvoso, o pessoal das bandas de cá sempre acreditou que as águas de março encerram o verão e, consequentemente, depois das enchentes das goiabas, as chuvas vão embora.E sempre deu certo essa previsão para todo o estado ou quase. Só que de uns tempos pra cá, o tempo anda muito louco.As estações andam dançando funk e axé e deixaram de lado o ritmo bem cadenciado e ameno de uma boa MPB.Está tudo muito mudado.
Assim março terminou, e nos vemos num mês de abril não muito igual aos de antigamente.Como tem chovido! Pelo menos aqui em Belô a chuva chega a qualquer momento, sem aviso prévio,sem pedir licença.
Como sempre vou ao centro na parte da tarde, parece que tomei gosto em me deixar apanhar por uma chuvinha ou chuvona intempestiva.E, com isso, passei a colecionar guarda-chuvas.
O engraçado é que ao descer no mesmo ponto de ônibus, no centro da cidade, mesmo variando em meia ou uma hora de minha chegada até lá, o mesmo acontece: a chuva cai forte no exato momento em que desço da lotação.Estão duvidando? Pois é a pura verdade.E como o abrigo do ponto sempre está cheio nessa hora e tem um vendedor de guarda-chuva à minha frente de prontidão, não hesito nem um minuto.Vou até ele que já me aguarda com um aberto.
Às vezes faço um pouquinho de hora, observando o comportamento das outras pessoas e do vendedor que sempre está com o melhor dos sorrisos.Uma boa parte das pessoas que desce ali faz o mesmo que eu.Compra um guarda-chuva.A situação chega a ser hilária, pois de início, a bancada do vendedor apresenta três ou quatro disputados guarda-chuvas.Mas num piscar de olhos, dezenas deles se materializam, atendendo bem a demanda e deixando todos satisfeitos por não ter que seguir na chuva.
Hoje tive que comprar mais um desses preciosos objetos.Como todas as vezes que passo por lá, muitos já chegaram na minha frente e fizeram sua escolha, a minha coleção será monocromática: a cor de todos eles é preta, com exceção de um que tem minúsculas bolinhas vermelhas.
Já disse outras vezes que tenho mania do detalhe.O meu olhar está sempre atento, buscando uma cena, um trejeito, um comentário pouco usual.Qualquer coisa que faça da minha rotina algo um pouco diferente, que passe uma emoção,seja ela de pequena ou grande intensidade.
Se cada pessoa passar a observar um pouco mais o seu entorno, verá que nas coisas mais singelas, mais corriqueiras a gente pode enxergar algo mais,qualquer coisa que nos faça mais felizes.
Quando peguei meu novo guarda-chuva hoje, ainda brinquei com o vendedor:- Minha coleção está só aumentando.E ele me respondeu satisfeito: Ótimo, assim vc pode combinar com sua roupa e andar sempre elegante. Esperto ele,não? Ou será esquecido? ( esquecera que a cor era a mesma), ou simplesmente um vendedor ambulante que não perdeu a elegância ao tratar com as pessoas.Qualquer uma das hipóteses pode ser verdadeira ou, quem sabe, todas elas.
Quem é de Minas já traz consigo, no DNA, algumas superstições que se tornam definitivas.Uma delas se aplica bem a crônica de hoje.
No que diz respeito ao período chuvoso, o pessoal das bandas de cá sempre acreditou que as águas de março encerram o verão e, consequentemente, depois das enchentes das goiabas, as chuvas vão embora.E sempre deu certo essa previsão para todo o estado ou quase. Só que de uns tempos pra cá, o tempo anda muito louco.As estações andam dançando funk e axé e deixaram de lado o ritmo bem cadenciado e ameno de uma boa MPB.Está tudo muito mudado.
Assim março terminou, e nos vemos num mês de abril não muito igual aos de antigamente.Como tem chovido! Pelo menos aqui em Belô a chuva chega a qualquer momento, sem aviso prévio,sem pedir licença.
Como sempre vou ao centro na parte da tarde, parece que tomei gosto em me deixar apanhar por uma chuvinha ou chuvona intempestiva.E, com isso, passei a colecionar guarda-chuvas.
O engraçado é que ao descer no mesmo ponto de ônibus, no centro da cidade, mesmo variando em meia ou uma hora de minha chegada até lá, o mesmo acontece: a chuva cai forte no exato momento em que desço da lotação.Estão duvidando? Pois é a pura verdade.E como o abrigo do ponto sempre está cheio nessa hora e tem um vendedor de guarda-chuva à minha frente de prontidão, não hesito nem um minuto.Vou até ele que já me aguarda com um aberto.
Às vezes faço um pouquinho de hora, observando o comportamento das outras pessoas e do vendedor que sempre está com o melhor dos sorrisos.Uma boa parte das pessoas que desce ali faz o mesmo que eu.Compra um guarda-chuva.A situação chega a ser hilária, pois de início, a bancada do vendedor apresenta três ou quatro disputados guarda-chuvas.Mas num piscar de olhos, dezenas deles se materializam, atendendo bem a demanda e deixando todos satisfeitos por não ter que seguir na chuva.
Hoje tive que comprar mais um desses preciosos objetos.Como todas as vezes que passo por lá, muitos já chegaram na minha frente e fizeram sua escolha, a minha coleção será monocromática: a cor de todos eles é preta, com exceção de um que tem minúsculas bolinhas vermelhas.
Já disse outras vezes que tenho mania do detalhe.O meu olhar está sempre atento, buscando uma cena, um trejeito, um comentário pouco usual.Qualquer coisa que faça da minha rotina algo um pouco diferente, que passe uma emoção,seja ela de pequena ou grande intensidade.
Se cada pessoa passar a observar um pouco mais o seu entorno, verá que nas coisas mais singelas, mais corriqueiras a gente pode enxergar algo mais,qualquer coisa que nos faça mais felizes.
Quando peguei meu novo guarda-chuva hoje, ainda brinquei com o vendedor:- Minha coleção está só aumentando.E ele me respondeu satisfeito: Ótimo, assim vc pode combinar com sua roupa e andar sempre elegante. Esperto ele,não? Ou será esquecido? ( esquecera que a cor era a mesma), ou simplesmente um vendedor ambulante que não perdeu a elegância ao tratar com as pessoas.Qualquer uma das hipóteses pode ser verdadeira ou, quem sabe, todas elas.