POR TRÁS DA ONDA MIDIÁTICA
Por: josafá bonfim
Na minha distante Ipixuna, o modesto amigo Wilson Curvina costumava dizer: “Todo velho tem obrigação de adivinhar, se não: é doido”.
A idade começa a chegar..., além de enjoado e ranzinza, a gente vai ficando mais seletivo, acumulando mais experiência; o que é novidade para os de agora, já não é pra gente, por termos vivido situação idêntica em outras épocas. Mas é tolice achar que já se viu de tudo.
É bem verdade que estamos acostumados com rótulos e invólucros, num sem numero de produtos, pra tudo quanto é finalidade e gosto. Contudo, uma estampa tem fustigado minha paciência nos últimos dias. Por Deus do céu..., não aguento mais ouvir falar em “ditadura gay e intolerância contra homossexuais”.
Assunto delicado, controverso, suscita conhecimentos. Muitos fogem da discussão, outros blefam com posturas hipócritas.
A evolução humana e os avanços sociais não nos permitem vivermos atrelados a preceitos e conceitos espúrios que levaram a sociedade por séculos ao despautério da intolerância, da discriminação e do preconceito contra as minorias.
Urge a necessidade de toda e qualquer classe lutar por seus direitos, sobretudo quando negados ou violados. É ponto pacífico.
Contudo, o espaço que os meios de comunicação têm devotado em seus noticiosos, à guerra ideológica entre militância gay e pastores evangélicos, tem sido de saltar aos olhos.
O imbróglio abre uma clareira na grade de programação das emissoras (rádio/TV) para promover impropérios e insultos entre atores que se esgueiram por uma aparição midiática. Pastores protestantes, militantes gay, e políticos oportunistas, se digladiam num circo com direito a tudo que se imaginar. Já foi o tempo em que a divulgação do fato encerrava a noticia.
Quem observa a polemica, de forma isenta e sem interesses outros, ver que por trás da celeuma, que está longe do consenso, estão sendo escamoteados interesses outros. Nessa seara, oportunistas colam sua imagem na causa, para se projetarem no cenário nacional, auferindo vantagem; enquanto figurões incorrigíveis aproveitam a deixa dos holofotes, para escamotearem demandas urgentes, que se encontram engavetadas. Não vamos longe: observem que o inconformismo popular com a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, que respondem sérias denuncias, caiu no esquecimento, tornando-se o pastor deputado Feliciano, a bola da vez dos ataques. E pasmem: em vez do lider retrair-se, exulta-se, com declarações cada vez mais incendiárias em seus pronunciamentos. E não por menos, vez que de repente, viu seu nome sair do armário do obscurantismo, para ganhar foco na vitrine da notoriedade.
Como se não bastasse, por ultimo até a classe artística se viu arrebanhada pela Nova Onda. O rasgo corajoso da musa do axé assumindo bombasticamente sua condição de parceira gay, encerra a prosa.
Ora..., andando esquecida da grande mídia, quem pode afirmar que não esteja aproveitando a deixa para alçar alguns pontinhos no concorrido ranque estelar, matando assim dois coelhos. Em outras palavras: por trás do pano de frente existem muitos maniqueísmos, que a nossa parca visão comum, não é capaz de captar. É preciso afastar os óculos da indiferença para enxergar com mais exatidão os factoides emergentes, que costumam brotar a partir de temas polêmicos.